Danos do vandalismo no açude de Abrantes custam 350 mil euros
Obras de engenharia decorrem em pleno Tejo para reparar a estrutura. Empresa alemã está a executar os trabalhos, considerados de grande complexidade. Município conta com a colaboração das barragens para controlar caudal do rio.
A reparação dos rombos causados no açude insuflável de Abrantes, atribuídos pelo município a actos de vandalismo, vai custar aos cofres da câmara municipal 350 mil euros. Num trabalho de engenharia de “grande complexidade”, as borrachas do açude estão a ser reparadas desde o início de Agosto, em pleno leito do rio Tejo, cujo caudal tem de ser monitorizado hora a hora. “Este é um trabalho muito complexo porque depende de vários factores, desde logo a variação dos caudais do rio Tejo”, disse à agência Lusa o vice-presidente da Câmara de Abrantes, João Gomes (PS).
O autarca referia-se às condições que podem colocar em causa a estabilidade dos trabalhos no terreno, que decorrem em pleno leito do rio, onde foi inaugurado em 2007 o açude insuflável, único equipamento do género construído no Tejo, num investimento que rondou os 10 milhões de euros.
A operação de reparação de dois rombos na borracha do açude de Abrantes foi adjudicada a uma empresa especializada alemã, mas, antes da intervenção directa no açude, foi necessário construir, em Julho, uma ensecadeira, um dispositivo criado a partir de um aterro em terra para a contenção temporária da acção das águas e para executar as obras sem a interferência das mesmas.
“A reparação das fugas de ar no vão três e a reparação dos rombos ocorridos na comporta do vão quatro obrigam a um trabalho de grande complexidade, quer na sua preparação, quer na execução, e que seja feito completamente a seco, sem qualquer água ou areias”, frisou João Gomes.
Há três anos fora de serviço
Para ultrapassar as variações de caudal do Tejo, a Câmara de Abrantes conta com “coordenação diária, quase hora a hora” da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), da EDP e da hidroeléctrica espanhola Iberdrola, que têm colaborado na gestão e informação sobre o débito de água pelas respectivas barragens.
“Estamos dependentes das barragens, nomeadamente da espanhola porque debita muito mais água do que a capacidade de turbinação das barragens portuguesas. Mas, esta semana, o tempo esteve bom para evoluir nos trabalhos”, referiu o autarca, relativamente a uma empreitada que deverá estar concluída no final de Setembro.
O açude em Abrantes está ‘em baixo’ há cerca de três anos, tendo João Gomes lembrado que “os actos de vandalismo decorreram de uma situação anómala, quando o açude foi desinsuflado para permitir que o nível das águas baixasse para a operação de intervenção na ponte” rodoviária, que liga Abrantes a Rossio ao Sul do Tejo. “Só quando voltámos a insuflar o açude, há cerca de 18 meses, reparámos que o mesmo estava furado e havia sido vandalizado” por desconhecidos.