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Um chef ribatejano na Polónia

Um chef ribatejano na Polónia

José Manuel Costa, Zé Pirica para os amigos, é emigrante na Polónia. Trocar Portugal e o seu amado Ribatejo por uma nova vida levou-o, numa primeira escala, até ao Reino Unido. A viagem continuou por mais quatro países, até se fixar em Varsóvia, capital da Polónia, onde constituiu família e é chef de cozinha e dono de um restaurante português. O seu polvo já se tornou famoso.

O dia começa com uma ida ao mercado, depois toma o pequeno-almoço com a esposa polaca e os cinco filhos, antes de os levar à escola. Segue para o seu restaurante, onde as paredes de azulejo lhe trazem à memória o azul do mar português. Há 25 anos que está longe das praias lusitanas de que tanto fala aos polacos e das raízes ribatejanas que lhe enchem o peito de orgulho. Nascido em Alhandra (Vila Franca de Xira) há 49 anos, José Manuel Costa, mais conhecido por Zé Pirica, deixou o seu país com o sonho de uma vida melhor.
O primeiro voo da sua jornada como emigrante teve paragem em Londres, capital de Inglaterra, onde aprendeu a manobrar as técnicas da culinária e se fez chef. Seguiram-se novas aventuras em cozinhas de Itália, França, Grécia e Mónaco, sempre a trabalhar como chef em restaurantes de todo o tipo de cozinha. “Hoje conheço muito bem a cozinha espanhola, francesa, inglesa, italiana, e claro, a portuguesa”, diz o ribatejano a O MIRANTE.

As férias são sempre no Ribatejo
A vida deu tantas voltas que a meio da estadia em terras britânicas foi uma polaca que lhe deu a volta. “Fui pescado em Londres por uma linda polaca, que hoje é mãe dos meus cinco filhos”, diz com uma pitada de humor. Tem mais uma filha, fruto de um primeiro casamento, que vive em Portugal e já lhe deu um neto.
É a família de Portugal que o faz regressar às origens, sempre que pode, e é a família polaca que o leva de volta àquela que também é agora a sua casa. Sente falta da praia, mas em compensação diz que na Polónia tem “muitos parques para passear”. Gosta do que faz, acima de tudo porque tem a oportunidade de dar a conhecer a gastronomia portuguesa no estrangeiro. Do seu país também não esquece os sabores da açorda feita pela sua mãe e das tripas e couratos, que comia junto à estação de Vila Franca de Xira.
E o regresso fará parte dos planos? “Voltar é difícil, com cinco filhos que crescem aqui, mas as férias são sempre no Ribatejo”, diz, adiantando que em Outubro está de volta às terras da festa brava para mais uma Feira de Outubro, em Vila Franca de Xira.

É uma casa portuguesa com certeza

O Mesa Portuguesa, assim foi baptizado o restaurante de José Manuel Costa em Varsóvia, é um autêntico recanto de apontamentos inspirados em Portugal. Azulejos azuis e brancos caiam o balcão como se de tinta se tratasse. Em cada pilar, uma imagem de um lugar ou monumento português. Na esplanada, a sombra faz-se com guarda-chuvas coloridos, suspensos, inspirados em Águeda.
No seu canto de Portugal, em Varsóvia, o Pirica de Alhandra é famoso pelo seu polvo, chocos, sardinhas e bacalhau. “Tenho gente que vem de toda a Polónia para comer polvo. Fui dos primeiros a servi-lo aqui“, diz o chef, que diariamente, para além de polacos recebe portugueses, que vão matar saudades de ‘casa’.
Para aguçar o apetite e as memórias do seu amado Ribatejo criou a sopa de campinos, em base de água de cozedura de bacalhau, tomates frescos, ovo batido, bacalhau desfiado e cobertura de coentros, servida com broa de milho. Os ingredientes que utiliza são nacionais. E o pão e vinho sobre a mesa, também são de origem portuguesa.

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