Uma apanha do tomate diferente e polémica em Almeirim
Iniciativa inédita em Portugal tentou replicar “tomatina” espanhola. Centenas de pessoas alinharam no desafio e durante duas horas descarregaram o stress mandando tomates maduros umas às outras. Como em quase tudo na vida, houve quem elogiasse e quem criticasse.
Foram mais de oito centenas de participantes de todo o país que quiseram aliviar o stress do dia-a-dia na “tomatina” à portuguesa que aconteceu na tarde de sábado, 1 de Setembro, no “tomatódromo” improvisado na Circular Urbana de Almeirim. Com 30 toneladas de tomate disponíveis não faltou matéria-prima para duas horas de euforia, descompressão e muita gargalhada.
Carlos Faria veio de Lisboa de propósito para a tomatada e disse a O MIRANTE que foi “super divertido” por ser algo fora do comum. “Não sei se vai promover a agricultura do concelho de Almeirim, mas eu gostei e estarei cá para o ano que vem”, disse. Questionado sobre se alguma vez na vida apanhou tomate, Carlos diz que apesar de ter familiares que têm searas nunca tocou em nenhum tomate na vida. “Só hoje é que apanhei muitos tomates mas foi pela cara”.
Dulce Gil, que veio de Leiria, também nunca apanhou tomate na vida. “Só apanhei hoje e atirei muitos tomates”, contou a O MIRANTE entre sorrisos de quem estava muito satisfeita por ter o seu corpo cheio de tomate.
Nuno Dias também veio de Lisboa e também nunca apanhou tomate. “Hoje apanhei muitos pela cara, mas colher tomate não sei o que é”. O lisboeta adorou participar na iniciativa e veio também por causa do Festival da Sopa de Pedra.
Marlisa Duarte vive em Almeirim e fez questão de convidar vários amigos que vieram de longe, de Oliveira de Azeméis e de Coimbra. Contou à reportagem de O MIRANTE que não estava à espera de tanta gente. “Como foi a primeira vez que organizaram a tomatada não contava que viesse tanta gente, só é pena que não estivessem os da terra”, refere.
Para Domingos Martins, presidente da Associação 20kms de Almeirim, organizadora do evento, “foi uma aposta ganha e um excelente contributo para a divulgação de Almeirim, com criticas e sugestões que com humildade registamos. Para o próximo ano esperamos fazer melhor, este foi o primeiro e já nos deixou bastantes ensinamentos”.
A organização garante que o tomate utilizado neste evento, embora produzido para a indústria transformadora, é considerado matéria excedentária e de reduzido valor comercial. “Cada quilo de tomate utilizado no evento teve um custo de seis cêntimos”, diz Domingos Martins, que já tem um destino para o tomate utilizado no evento. “Temos um acordo com um produtor de animais que depois da iniciativa vai recolher todo o tomate para o gado consumir. É como fazem as fábricas quando o tomate não é utilizado, portanto não vai haver desperdício”, garantiu.
Iniciativa alvo de muitas criticas
O presidente da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro, defensor da iniciativa, desvaloriza as críticas, principalmente nas redes sociais. “Cada um é naturalmente livre de ter a sua opinião, mas vale a pena fazer alguns esclarecimentos. O tomate usado é rejeitado de fábrica pelo que não teria aproveitamento. No entanto o que sobrou desta iniciativa vai servir de alimento para animais, em concreto vacas. O valor comercial de tomate bom, para fábrica anda entre os 6 cêntimos o quilo. Foram utilizadas cerca de 30 toneladas que sendo rejeitado não tinham valor nenhum. Há quem diga que é um desperdício e que podia ser aproveitado. A verdade é que anualmente as fábricas rejeitam milhares de toneladas de tomate. Alias não só tomate”, refere o autarca que acrescenta que o evento passou nas televisões nacionais e foram muitos minutos de exposição mediática que divulga o nome da terra.