uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Rui Pacheco deixou muitas saudades na Granja
Duas centenas de pessoas homenagearam o atleta Rui Pacheco, falecido num acidente de viação

Rui Pacheco deixou muitas saudades na Granja

Família e amigos evocaram o atleta da Sociedade Recreativa da Granja falecido em Março. Rui Pacheco perdeu a vida na sequência de um acidente de viação quando se deslocava para uma prova. O MIRANTE falou com Vanessa Sousa, noiva do atleta, que ficou gravemente ferida nesse despiste e só teve conhecimento do triste desfecho alguns meses depois.

Na manhã de domingo, 9 de Setembro, cerca de duas centenas de pessoas prestaram homenagem a Rui Pacheco, atleta da Sociedade Recreativa da Granja e da Arrábida Trail Team, que morreu a 25 de Março num acidente de viação. O grupo de familiares, amigos e conhecidos do atleta concentrou-se junto à sede da Sociedade Recreativa da Granja, na Granja, em Vialonga, para um trail guiado e caminhada que teve como ponto de paragem o cemitério onde jaz Rui Pacheco. O relógio marcava as 09h00 quando balões brancos foram largados em direcção ao céu, momentos antes do início do percurso.
Vanessa Sousa, de 38 anos, na altura noiva de Rui Pacheco, seguia no mesmo veículo quando se deu o choque contra a traseira de um veículo da Gestiponte que sinalizava uma outra viatura a necessitar de assistência, à saída da Ponte Vasco da Gama, no sentido Lisboa-Montijo. O acidente que tirou a vida ao seu companheiro atirou-a para uma cama de hospital em coma e durante meses não soube da morte de Rui Pacheco.
A O MIRANTE, Vanessa Ribeiro refere que ficou “feliz pela iniciativa que tiveram, mas triste ao mesmo tempo”, por ser um momento que assinala uma perda tão devastadora. “É um relembrar constante de todo o sofrimento”, diz a também atleta da Sociedade Recreativa da Granja, recusando a premissa de que foi Deus que o levou, frase que acabava de ouvir momentos antes de falar com
O MIRANTE. “É algo que dói ouvir. Deus de certeza que não queria levar alguém tão bondoso como ele”, conclui.

“Sinto-me culpada por não ter sido eu a conduzir”
“Aconteça o que acontecer não há maneira de apagar o Rui, ele foi o meu grande amor. Eu tive-o e tiraram-mo, pergunto-me todos os dias porquê”. As palavras são de Vanessa Sousa, que ainda hoje diz questionar tudo o que aconteceu naquele dia.
O carro em que seguiam era o de Vanessa, mas era Rui que ia sentado no lugar do condutor. “Sinto-me culpada por não ter sido eu a conduzir”, diz, pensando que talvez pudesse ter sido de outra forma.
Foi Rui Pacheco que a incentivou a correr em estrada e sempre que podiam treinavam juntos. Antes do acidente tinham estado com os atletas da Sociedade Recreativa da Granja, a incentivá-los para a prova que tinham nesse mesmo dia. Tanto Rui como Vanessa estiveram inscritos na prova com os atletas da Granja, mas uma semana antes mudaram de ideias e decidiram ir treinar com a equipa da outra margem do rio, para uma prova de 10 quilómetros. A recuperar do coma e das lesões que sofreu no embate, em Março último, Vanessa não se recorda do tempo que permaneceu ligada às máquinas, a lutar pela vida. Esteve internada no Hospital de S. José em Lisboa e se não fosse pelas fotografias que o seu pai lhe mostrou não acreditava que tinha passado pelo estado de coma.
O vazio que ficou do tempo em que esteve entre a vida e a morte deu lugar à profunda tristeza, quando os pais lhe contaram a verdade. “Gritos, muitos gritos” e a revolta da “mentira”, lembra a sua mãe. “Estávamos proibidos pelos médicos, não lhe podíamos ter contado antes. Todos os dias a Vanessa perguntava por ele e nós dizíamos que estava internado noutro hospital. Foi muito difícil”, conta Helena.

Uma notícia em que ninguém queria acreditar

O casal conheceu-se entre amigos atletas que tinham em comum e segundo Carlos e Helena Ribeiro, pais de Vanessa, “não havia amor como o deles” eram “almas gémeas”. A atleta começou a treinar com Rui Pacheco e garante que era alguém que “estava sempre pronto para ajudar os outros” e que “ficava para trás para lhe dar força e a “ajudar a levar ao pódio”.
João Nisa, presidente da Sociedade Recreativa da Granja, reforça a afirmação de Vanessa dizendo que o Rui “abdicava do lugar da frente para conseguir ter mais atletas presentes na prova”. Também para ele e toda a Sociedade, a notícia foi algo em que “ninguém queria acreditar”. Eusébio Caipiro, um vizinho da Granja, que andou com Rui ao colo, guarda na memória “uma pessoa querida, humilde e bem-disposta”, daquelas que “puxa um amigo quando o vê na mó de baixo”.

Rui Pacheco deixou muitas saudades na Granja

Mais Notícias

    A carregar...