31º Aniversário | 21-11-2018 09:23

“Há muita conversa de café e pouco rasgo a pensar o futuro”

As pessoas mais importantes da minha vida foram, em primeiro lugar, os meus pais, que souberam educar-nos a mim e aos meus irmãos, transmitindo-nos valores que hoje parecem estar um pouco fora de moda. Tiveram o cuidado de privilegiar a nossa educação, em detrimento do acesso fácil aos bens materiais, dando-nos ferramentas que, posteriormente e em ambiente bem adverso, foram fundamentais para o nosso futuro.
Não tenho uma só terra. Nasci em Angola, de onde saí com 23 anos. Estou marcado por esta vivência africana onde passei a minha infanto adolescência e onde fui muito feliz. Apesar do corte abrupto que tive de efectuar, as memórias mantêm-se muito vivas e tenho consciência que moldaram muito o meu modo de ver o mundo.
Toda a minha infância foi passada em ambiente de grande liberdade de espaço com muitos amigos e em ambiente de muita prática desportiva. Tudo isso contribuiu muito para moldar o meu carácter. Esses amigos de infância, devido à diáspora de 1974/75, estão espalhados um pouco por todo o mundo. O contacto vai-se mantendo mas não com a frequência que gostaria.
Cheguei a Santarém em Janeiro de 1977 e foi nesta cidade que iniciei e tenho feito toda a minha vida profissional. Foi também em Santarém que organizei e criei a minha família e onde têm vindo nascer os meus netos. Depois de mais de quarenta anos a viver no concelho, entre a cidade e a aldeia da Moçarria, onde actualmente resido, Santarém é de facto a minha terra e é onde me sinto muito bem.
Santarém é uma cidade de média dimensão no contexto de Portugal, lindíssima, com um património histórico muito relevante e com equipamentos sociais de qualidade, a nível de educação, saúde, instalações desportivas, culturais , etc, que a tornam ideal para criar uma família. Tem ainda uma característica que acho muito importante. Está bastante perto de tudo para ser fácil deslocarmo-nos para outros pontos do país e suficientemente longe para manter a sua personalidade própria .
Talvez o que mais me desagrade é a pouca participação dos escalabitanos na vida do dia a dia da sua cidade. Vejo muita conversa de café e sempre pela negativa e muito pouco rasgo a pensar o futuro.
A melhor época da minha vida foi, sem dúvida, a década dos meus 40/50 anos.
Correspondeu à conjugação de uma maturidade pessoal, familiar e profissional que me permitiu usufruir um pouco mais da vida e ao mesmo tempo ter mais disponibilidade para encarar novos desafios pessoais e profissionais.
Há um envelhecimento evidente em Portugal com perda de população que no caso do concelho de Santarém é mais evidente e progressivo nas freguesias que estão mais afastadas da cidade. A fixação de jovens só é possível se houver boa formação profissional acompanhada de criação de emprego de qualidade.
Estou sempre atento ao trabalho autárquico. Fez-se muita “má “ e alguma “boa” despesa no passado o que levou a autarquia para níveis de endividamento que têm de ser amortizados. Assim a razoabilidade fica-se pela necessidade. De qualquer modo acho que nos últimos anos tem havido uma gestão cuidada dos recursos do município que estão a ir no bom caminho.
* Assistente Hospitalar Graduado Sénior da Carreira médica Hospitalar na especialidade de Otorrinolaringologia aposentado; Director Clínico da Clínica A.J.Pinto Correia & Teresa Pinto Correia Lda situada na cidade de Santarém; Médico dos Hospitais CUF Santarém e CUF Torres Vedras.

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