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A atleta de Alhandra que quer conhecer o mundo através do triatlo
Pauline Vie é uma jovem promessa do triatlo nacional e veste a camisola do Alhandra Sporting Club

A atleta de Alhandra que quer conhecer o mundo através do triatlo

Foi no paradisíaco Hawai que Pauline Vie se sagrou campeã mundial júnior de Xterra em 2018

Jovem atleta do Alhandra Sporting Club treina vinte horas por semana e é também estudante do segundo ano de enfermagem. Nasceu em França mas já se sente em casa no Ribatejo.

Pauline Vie começou a treinar triatlo há apenas quatro anos, no Alhandra Sporting Club. Foi o pai e um irmão, que também são desportistas, a incentivá-la a entrar no desporto de alta competição. Nascida em França, veio viver para Alhandra aos nove anos, e dez anos depois, ainda enfrenta um longo processo de naturalização, mas isso não a impede de ser federada em três países: França, Espanha e Portugal. Nos dois campeonatos mundiais em que participou, ambos no Hawai (Estados Unidos da América), representou Portugal e trouxe para casa as medalhas de campeã e vice-campeã júnior de Xterra.
“Este ano queria fazer melhor do que no campeonato anterior e consegui. Tentei não verbalizar muito para não me decepcionar caso não ganhasse, mas sempre acreditei”, conta a O MIRANTE, durante uma conversa numa esplanada em frente ao Tejo, em Alhandra. Depois, como o tempo da jovem triatleta é contado ao segundo, regressou às aulas de enfermagem, seguidas dos treinos de natação, bicicleta e corrida.
Ainda a recuperar dos treinos intensivos e do jet lag de 12 horas de diferença de Portugal para o Hawai, foca-se agora na época de exames que se avizinha, sem deixar o desporto de lado. “Não é fácil conciliar tudo isto, mas com vontade tudo se consegue. Tenho uma agenda muito rígida que requer muita organização”, explica Pauline Vie, que desde miúda foi ‘treinada’ para saber gerir bem o seu tempo.
A próxima época ainda não está pensada, mas a triatleta do Alhandra Sporting Club ambiciona participar no campeonato europeu de Xterra, na República Checa. “Ainda tenho muito para crescer enquanto atleta, não me quero precipitar, por isso na próxima época não estou a pensar em campeonatos do mundo. Treino para ter resultados, mas não me posso esquecer que é por gosto que pratico desporto”, confessa.
Por terras ribatejanas. Pauline Vie saiu vencedora do Xterra da Golegã, de Junho último, o circuito europeu que lhe deu acesso ao mundial no Hawai.
Nos dois anos em que viajou para o outro lado do mundo, para trazer medalhas para casa, contou com o apoio financeiro do seu clube e da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Voou com uma semana de antecedência para se poder habituar às 12 horas de diferença e ao clima, “húmido, que traz dificuldades à respiração”, diz. “Desta vez os meus pais e irmão acompanharam-me e ter o apoio deles foi muito importante para mim. Tentei não pensar demasiado na prova, ou fazer treinos demasiado intensivos nos dias que a antecedem, porque o corpo e a mente também precisam de descansar”, acrescenta.
Conhecer o mundo através do triatlo e conciliá-lo com a enfermagem é o maior desejo desta jovem. Pauline sonha em aventurar-se de mochila às costas e fazer voluntariado em países subdesenvolvidos. Se por lá não encontrar um treinador, terá de se tornar autodidacta, mas “desistir do triatlo não faz parte do plano”, finaliza.

Treinar às seis da manhã e ir directa para as aulas
Foi no Alhandra Sporting Club que deu os primeiros passos no mundo do desporto, ao praticar patinagem artística e canoagem. Uma lesão no ombro obrigou-a a parar durante uns tempos e teve mesmo de deixar a canoagem. “Mas não desisti. Foi por causa dessa lesão que comecei a investir mais na bicicleta e na corrida. Depois veio a natação, o meu calcanhar de Aquiles”, brinca. Pauline treina todos os dias da semana e “o fim-de-semana é aproveitado para fazer treinos mais longos”, conta.
A escola sempre foi vista como uma obrigação e o desporto como a sua paixão, embora considere que é importante focar-se noutras actividades para além do triatlo. Treinar às seis da manhã e ir directa para as aulas, deixou-a muitas vezes exausta e sem vontade de ouvir o professor. Os testes, que “às vezes calham no dia seguinte a uma prova”, nem sempre correm bem, porque não há tempo para pôr a matéria em dia e descansar o corpo”, lamenta.

Aficionada e com o Ribatejo no coração

O Ribatejo não lhe corre nas veias, mas ocupa-lhe um lugar no coração. É com o espírito de uma aficionada que Pauline vai, sempre que o tempo entre treinos e estudos lhe permite, às festas do concelho e a corridas de toiros. “É um ambiente festivo incrível”, diz sobre o Colete Encarnado. “Foi em miúda que comecei a assistir a touradas, através da televisão, quando ainda estava em França. O meu avô é muito aficionado e sempre me transmitiu gosto pelo ambiente taurino”, remata.

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