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Abandono do aeroporto na Ota atrasou 30 anos o desenvolvimento da região
Alberto Mesquita não tem dúvidas que a decisão de não avançar com o aeroporto na Ota teve impactos negativos na região

Abandono do aeroporto na Ota atrasou 30 anos o desenvolvimento da região

Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira manifestou o seu desagrado com a indefinição dos sucessivos governos

Compensações que o Governo de José Sócrates prometeu aos concelhos do Oeste e da Lezíria ainda estão por chegar uma década depois de se terem virado agulhas para a margem sul no que toca ao destino do novo aeroporto para servir Lisboa.

A decisão governamental de abandonar a construção de um novo aeroporto na Ota (Alenquer) foi um erro que atrasou o desenvolvimento da região em três décadas. A convicção é do presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), que entre outros projectos previstos ficou com uma plataforma logística na Castanheira do Ribatejo que não tem servido para nada.
“Abandonarem a Ota prejudicou em 30 anos ou mais toda esta nossa região. Às vezes é preferível decidir mal do que não decidir coisa nenhuma. Dizem que o aeroporto da Ota não tinha características técnicas para o efeito [ser complementar à Portela] mas o do Montijo já tem?”, questiona o autarca.
Desde 1962 que há estudos e ideias para construir um aeroporto complementar à Portela. Em 2008 a Ota foi o local escolhido, até subitamente essa solução ser descartada, em detrimento de uma alternativa na margem sul, em que chegou também a estar equacionada como possível localização o Campo de Tiro de Alcochete. “Na altura pareceu-nos boa ideia a nós e a todos os autarcas construir o aeroporto na Ota. E teria sido importante para todos, a economia fluía e haveria bons acessos a Lisboa já construídos, sem necessidade de atravessar pontes”, lamenta.
O autarca falava a propósito do estado de abandono em que se encontra a Plataforma Logística da Castanheira do Ribatejo, um dos projectos que iria beneficiar da proximidade do aeroporto. “Mantenho a convição, não por capricho, que a plataforma logística é viável e acredito que vai ter o sucesso que nós todos esperamos. Mas com a bolha imobiliária de 2008 esta questão da vinda de empresas para cá não tem sido fácil”, confessa o autarca.

Azambuja esteve estagnada uma década
Alberto Mesquita não é o primeiro a defender que o abandono do projecto Ota cerceou áreas de desenvolvimento da região. Um dos concelhos que durante uma década sentiu na pele os efeitos das condicionantes impostas pelo projecto do aeroporto foi Azambuja.
Luís de Sousa (PS), presidente daquele município, já havia defendido em entrevista a O MIRANTE, em 2012, que o seu concelho ficou estagnado à espera de uma infraestrutura que nunca chegou. “Não nos podemos esquecer que havia vários loteamentos prontos a serem desenvolvidos a norte do concelho que ficaram parados por causa das condicionantes do aeroporto. Azambuja esteve estagnada durante dez anos à espera de um aeroporto que nunca apareceu. Quando algumas coisas já estavam a caminho pararam, depois de se saber que o aeroporto ia para outro lado. Notou-se de um dia para o outro as coisas a pararem e alguns projectos a fugirem para outros concelhos”, lamentava.

Compensações prometidas nunca chegaram

Uma década depois, as compensações financeiras que o Governo prometeu entregar a diversos municípios do Ribatejo e Oeste como medida compensatória pelo abandono do projecto nunca chegaram. O alerta foi deixado na última semana pelo presidente da Câmara de Alenquer e da Comunidade Intermunicipal do Oeste, Pedro Folgado, que defendeu a necessidade dos municípios afectados pelo impasse do aeroporto serem indemnizados “por tantos anos de indefinição”, considerando “lamentável” a forma como todo o processo decorreu.
Dezasseis câmaras do Oeste (Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras) e da Lezíria (Santarém, Cartaxo, Azambuja e Rio Maior) assinaram o chamado Plano de Acção do Oeste, que contemplava investimentos públicos na ordem dos 2,1 mil milhões de euros até 2017, que nunca se concretizaram.

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