Ricardo Chibanga completou 76 anos e O MIRANTE foi almoçar com ele
O antigo toureiro continua a ser uma pessoa muito querida na Golegã e não só, havendo mesmo quem reclame uma estátua em sua honra.
É impossível andar pelas ruas da Golegã e percorrer mais do que 10 metros sem parar, quando se acompanha Ricardo Chibanga. O antigo toureiro continua a ser uma pessoa que todos fazem questão de cumprimentar e manifestar o seu carinho. E em dia de aniversário, celebrado a 8 de Novembro, mais ainda. Nem a chuva demovia as pessoas de voltar atrás e parabenizar o aniversariante.
“Parabéns Chibanga! Que contes muitos mais”, ouvimos de alguns admiradores. Chibanga já está “habituado” a estas mostras de carinho. “São 76! Estes já cá cantam”, respondia. O MIRANTE acompanhou o almoço de aniversário de Chibanga, onde marcaram presença amigos de longa data, um deles muito especial. Trata-se de João Sousa Pinto, que veio de Viana do Castelo para o aniversário do ex-toureiro.
Mesmo sentado à mesa, Chibanga não parou um segundo. Fosse a atender telefonemas , de várias partes do mundo, fosse a levantar-se para continuar a cumprimentar as pessoas que o solicitavam. Parece que toda a Golegã estava em festa para o seu aniversário.
“Conheci o Chibanga logo na altura em que chegou de Moçambique. Mas foi a partir de 1995 que começámos a ter um maior contacto, após uma corrida de touros em que ele participou em Ponte de Lima”, começou por revelar a
O MIRANTE João Sousa Pinto, um “grande aficionado”.
Este amigo de Ricardo Chibanga, fundador da Associação Cultural de Aficionados Tauromáquicos e Equestres (ACATE), de Viana do Castelo, classifica a antiga glória das arenas como “uma autêntica máquina”. “Ele era de uma garra e tinha uma vontade de triunfar, que fazia dele um espectáculo, uma grande máquina”, lembra. “Aqueles recortes que ele fazia deixavam as pessoas de boca aberta. Foi ímpar”, destaca o amigo minhoto.
Mas Chibanga não é apenas recordado pelo carisma que irradiava nas inúmeras praças de touros por onde passou. Neste momento da sua vida, em que dedica a maior parte do seu tempo à família, os amigos apontam-lhe “a humildade e a simplicidade” como principais características. “É uma pessoa que se relaciona com toda a gente. Tem amigos de todas as classes sociais e trata todos da mesma forma”, sublinhou ainda o amigo João Sousa Pinto.
E Chibanga não desmente. “Ao longo da minha vida conheci muita gente, por toda a parte do mundo e sempre fui o mesmo. Sempre tratei todos por igual”, disse Chibanga à reportagem de
O MIRANTE. Desde Salvador Dali, passando por Pablo Picasso, muitas foram as individualidades que vibraram com o toureiro. “Conheci pessoalmente vários artistas. Quando vinham falar comigo, nem sabia bem o que dizer. Até ficava embaraçado, porque não tinha a cultura deles, mas sempre me deram muita força para continuar e transmitiam muito calor humano”.
Uma estátua para Chibanga
Ricardo Chibanga tem já o seu nome numa rua da Golegã, vila onde mora há muitos anos, mas a população quer mais. “Era justo homenagearem este grande toureiro com uma estátua”, afirmou um popular enquanto abraçava Chibanga. Este é um tema que parece ser defendido por alguns aficionados.
Chibanga não esconde o entusiasmo em seu redor e atira: “Eu gostava muito, ficava muito contente. Tenho um neto com sete anos que já é aficionado e eu ficava muito contente se algum dia me fizessem essa homenagem”.
Chibanga responde à ministra da Cultura: “ser civilizado é ser humilde”
A propósito da recente polémica em torno da intenção da ministra da Cultura manter o IVA nos 13% para os espetáculos tauromáquicos e descer para 6% os restantes espectáculos artísticos, bem como a justificação apontada por Graça Fonseca - que disse que “a tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização” -, o ex-toureiro tem opinião formada. “Na minha altura não se debatiam estes assuntos. Todos eram aficcionados. E os poucos que não eram simplesmente não iam às corridas e pronto”, responde. E remata: “Ser civilizado é ser humilde, é tratar todos por igual. Sempre fui assim e não me arrependo. Os amigos que deixei de ter, foi porque Deus os chamou para perto dele. Isso é que é ser civilizado”.