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Última Página: O Elogio da Maria da Luz Rosinha

Boa altura para elogiar a deputada Maria da Luz Rosinha, ex-presidente da câmara da Vila Franca de Xira, que não vendeu a alma ao diabo e preferiu estar do lado do povo do que do primeiro-ministro.

A guerra das touradas está a dar água pela barba aos políticos. Ninguém esperava que a primeira grande divisão no partido do poder ( PS) se devesse à tauromaquia que é uma actividade cultural em vias de extinção.

A divisão, ao meio, dos deputados do Partido Socialista representa um duro golpe na auto-estima de António Costa que, recentemente, viu a sua ministra da cultura, Graça Fonseca, tomar o partido dos portugueses civilizados contra os bárbaros que ainda gostam de touradas e largadas de toiros.

Boa altura para elogiar a deputada Maria da Luz Rosinha, ex-presidente da câmara da Vila Franca de Xira, que, apesar de ser uma pessoa que está deputada a convite de António Costa, e ser uma figura de proa do Partido Socialista, não vendeu a alma ao diabo e preferiu estar do lado do povo do que do lado do primeiro-ministro.

Rosinha é das pessoas da política que eu posso dizer que me marcou como jornalista. Ganhei algumas guerras importantes contra ela no exercício do meu trabalho, mas perdi outras tantas. As que ganhei foram todas à custa do tempo e do mérito do trabalho das pessoas que fazem, ou fizeram, parte da equipa de O MIRANTE. As que perdi foram todas em razão do interesse dos leitores do jornal e, em particular, dos de Vila Franca de Xira.

Quando chegámos ao concelho, sem explicações e sem sentirmos necessidade de as darmos, só faltou chamarem-nos Tarzan. Uns diziam que íamos para lavar dinheiro; outros que tínhamos um projecto político por trás do projecto editorial. Só não inventaram sobre nós aquilo que o diabo já inventou.

Maria da Luz Rosinha fez o seu papel e esperou para ver. Quando percebeu que nós éramos um projecto editorial editado e governado por jornalistas, abriu o livro e começou a relação pessoal e profissional de respeito mútuo que ainda hoje se mantém.
Fomo-nos conhecendo devagar, devagarinho, com episódios pelo meio que são antológicos e que só provam a riqueza do nosso trabalho e o privilégio de editarmos um jornal, que, não sendo de cobertura nacional tem a mesma importância, devido à relevância da região ribatejana e dos seus protagonistas.

Uma vez encontrámo-nos, por acaso, em Paris, dentro do Museu do Louvre, com a mesma naturalidade com que nos encontramos muitas vezes no Museu do Neorealismo, em Vila Franca de Xira, ou nas festas do Colete Encarnado, ou até nas mil ruas do concelho onde acontecem coisas que justificam a nossa presença.

A posição de Maria da Luz Rosinha no apoio às touradas, que considero cada vez mais uma actividade em extinção e uma luta perdida a médio prazo, por culpa dos empresários manhosos que tomaram conta da actividade, merece um elogio por ser um apoio corajoso e contra a corrente. Também sou aficionado e não gosto de ver e ouvir os políticos do Terreiro do Paço, em Lisboa, que nasceram como nós atrás de uma moita, armarem-se em príncipes dos bons costumes, e esquecerem aquela máxima de que quando um homem assume uma função pública deve considerar-se propriedade do público. JAE

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