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Inclemente Serafim das Neves


Lamento que as presenças dos eleitos das Assembleias Municipais não sejam registadas como as dos deputados na Assembleia da República, com introdução de uma palavra passe. E não me venham dizer que os eleitos locais não têm um computador como os deputados porque não é desculpa. Quando andei na tropa, na altura da chamada, também não havia computadores e conseguíamos fazer o mesmo que alguns fizeram na Assembleia da República. Bastava alguém gritar “pronto”, quando o sargento chamava por alguém que se tinha baldado!
O poder local continua a ser o parente pobre da nossa democracia e não é apenas em matéria de registo de presenças. Na Assembleia da República há algumas votações em que em vez de deputados presentes são contadas as cadeiras. Cada cadeira, um voto. E não estou a brincar.
Para infelicidade dos eleitos das Assembleias Municipais, naqueles órgãos em vez de cadeiras são contados os braços que estão no ar. Claro que no meio da confusão há sempre alguém que pode pôr os dois braços no ar ou, em desespero de votação, levar o braço de um manequim que pediu emprestado no pronto-a-vestir mais próximo mas tens que reconhecer que dá mais trabalho e há sempre o pessoal das outras bancadas a ver.
Mas há pelo menos uma coisa em que há igualdade. Tanto na Assembleia da República como nas Assembleias Municipais, existe o direito ao silêncio por tempo indeterminado. Há deputados e eleitos das assembleias municipais que estão há anos e anos sem nunca abrirem a boca, a não ser para bocejar e nenhum teve desconto no vencimento nem perdeu o direito aos 61,04 ou aos 68,67 euritos (dependendo do número de eleitores do município) da senha de presença.
E bem merecem não ser penalizados. Eu até defendo que os políticos mudos deviam ganhar mais do que os que estão sempre a falar. Afinal poupam-nos os ouvidos e como não dizem disparates, não corremos o risco de deslocar os maxilares quando abrimos a boca de espanto ou de sufocar de tanto rir.
Aos sábados uma enorme quantidade de franceses veste o colete reflector do carro e vai à procura de polícias para os apedrejar. É uma versão mais culta e civilizada do apedrejamento de mulheres adúlteras em alguns países árabes. Os especialistas dizem que é um divertimento tipicamente francês e que há poucas possibilidades de vir a ser popular em Portugal. Eu também acho. Aqui é mais habitual polícias a tentarem tomar de assalto a Assembleia da República ou bombeiros a tentarem invadir o Ministério da Administração Interna. Enfim, cada povo diverte-se como quer.
Por falar em divertimentos tenho que te confessar que ainda não fui a nenhuma das pistas de gelo artificial da região. Mas hei-de ir juntar-me ao pessoal que se aglomera à volta do recinto para se divertir com os bate-cus dos desajeitados que lá andam. O pior daquilo são os chico-espertos que sabem andar de patins como campeões e que, em vez de ficarem em casa, vão para lá mostrar as suas habilidades. Para além de desincentivarem os nabos que proporcionam sempre belas e hilariantes quedas, ainda ocupam espaço.
Digo-te já! Quem já sabe andar de patins no gelo deve começar a pagar o triplo ou o quádruplo. É que sem quedas aquilo não tem graça nenhuma! É como uma pega de caras à primeira. Não se diverte o toiro, não se diverte o público e nem sequer se divertem os forcados.
O Presidente da Câmara Municipal da Chamusca, Paulo Queimado, disse na assembleia municipal que só responde a perguntas de eleitos da oposição por e-mail para evitar falsas interpretações e falsas notícias. Como só um burgesso e dos grandes ignora que qualquer texto (seja uma lei, um parágrafo de Kant ou um e-mail de um autarca) pode ter várias interpretações e algumas delas contrárias àquilo que quem escreveu tinha em mente, a popularidade de Paulo Queimado subiu imenso. E ainda bem que assim é. Já viste se ele, em vez de usar e-mail respondesse à pergunta sobre o custo exacto dos atrasos sucessivos da obra do Centro Escolar por twitter com um simples número?! Vais ver que ainda lhe chamavam Trump...
Um bacalhau natalício
Manuel Serra d’Aire

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