O problema da descida do IVA das touradas foi resolvido e o mesmo baixou para os 6%, em igualdade com os dos outros espectáculos mas isso não significa o fim do ataque a uma manifestação cultural de uma vasta região portuguesa que engloba o Ribatejo, por parte de deputados, membros do governo, como a ministra da cultura e diversos activistas radicais.
A ministra da cultura, em defesa da manutenção do IVA nos 13% justificou-se com a tal frase polémica da questão civilizacional. Como cidadã tinha direito a fazê-lo, entre amigos, no café ou em casa. Como ministra não tinha esse direito. Deveria ter tratado as touradas como trata outros espectáculos.
Os adeptos das touradas normalmente vão ou de transportes públicos ou particulares para as praças, muitas vezes em alegre convívio, levando flores ou casacos para os artistas sem alaridos. Os artistas enfrentam toiros arriscando-se em nome do que sentem ser as suas raízes culturais. São cidadãos que não fazem nada de ilegal, pagam os seus impostos, votam, respeitam o público e amam a sua actividade. A sua arte já é discriminada na televisão pública que acaba por dar incomensuravelmente mais tempo a outras actividades artísticas.
Veja-se o caso do futebol que é um espectáculo que gera milhões e paixões mas que também gera ódios, confrontações, violência verbal e física, sendo que na maior parte das vezes são esses aspectos de incentivo à gritaria e ao ódio que têm espaço na televisão pública, em vez do futebol. A ministra da cultura aqui não fala de questões civilizacionais?
Os adeptos vão para os estádios escoltados pela polícia porque se não houver esse acompanhamento que nos custa dinheiro e provoca restrições ao trânsito, por exemplo, geram-se confrontos físicos com os adeptos rivais. Tem que haver revista para evitar a entrada no estádio de armas e objectos destinados a provocar danos físicos, seja em jogadores ou em simples espectadores. Muitos elementos das claques estão de costas para o jogo porque não foram lá para ver o espectáculo mas para fazer distúrbios e gerar violência. Nos estádios de futebol muitas vezes molestam-se seres humanos. Eu não vou ao futebol. Quem não gosta de touradas não deve ir às touradas. A ministra da cultura tem que ser ministra e não insultar quem tem paixão pelos toiros.
Célia Monteiro