Última Página: A Caixa Agrícola da Chamusca de outros tempos
A Caixa da Chamusca já não é o que era dantes. Vasco Cid e companhia isolaram a instituição do mundo financeiro, o que também é perigoso para a actividade.
A Caixa de Crédito Agrícola da Chamusca era o banco dos chamusquenses. Uma instituição de proximidade que gerava confiança e atraia clientes. Regra geral a casa estava sempre cheia e fazia a diferença na comparação com as dependências de outros bancos.
A gestão dos últimos vinte anos, protagonizada por Vasco Cid, que para além de ser presidente do Conselho de Administração era também director executivo, deitou tudo a perder. Depois de muitas guerras internas, entre membros de famílias da região que sempre mandaram na Caixa, Vasco Cid levou a melhor e foi dono e senhor nos últimos anos. Até há pouco tempo quando foi obrigado a atirar a toalha ao chão por razões de saúde.
Vasco Cid é um dirigente de outros tempos que não fez sequer a tropa do associativismo. É um gestor feito à pressa, cheio de maus vícios, com um temperamento autoritário, um verdadeiro autocrata de serviço. Tem nesta altura 75 anos e reformou-se recentemente. A Caixa ganhou um novo protagonista chamado Carlos Amaral Netto, um gestor de profissão com 34 anos. Só lá está por solidariedade entre famílias que sempre geriram a Caixa mas, pelo que se conhece dele, é um homem destes tempos e uma pessoa com carácter.
A Caixa é que já não é o que era dantes. Vasco Cid e companhia isolaram a instituição do mundo financeiro, o que também é perigoso para a actividade. Mas quem mais ficou a perder foram os clientes. O roubo dos cofres, onde cerca de uma dezena de clientes guardavam as suas grandes e pequenas fortunas, é um duro golpe na confiança de uma instituição que dificilmente não será penalizada no futuro.
Nota: Este texto é dedicado a Francisco Mascarenhas, na foto com Vasco Cid e Fernando Amaral Netto, um antigo dirigente associativo da Chamusca, que também foi durante muitos anos figura marcante na gestão da Caixa. Era um homem de respeito, que não ganhava dinheiro com o seu trabalho associativo, que ajudava toda a gente que o procurava; deve-se a ele uma boa parte do crédito que a Caixa Agrícola da Chamusca teve junto da população do concelho. JAE