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Atentados à bomba em Tomar já saíram da memória colectiva
Marisa Nunes é moradora do prédio onde ocorreu a maior explosão

Atentados à bomba em Tomar já saíram da memória colectiva

Há cerca de uma década, três atentados à bomba em prédios conotados com a prática de prostituição espalharam o terror pela cidade. Volvida uma década, O MIRANTE passou pelos locais afectados para saber o que permaneceu na memória dos que por lá ficaram.

No n.º 1 da Rua Angelina Vidal, junto à Praça de Touros, onde ocorreu a última e a mais destruidora das três explosões registadas há dez anos em Tomar, Marisa Nunes abre-nos a porta. A ama do Centro de Integração e Reabilitação de Tomar (CIRE), mora no rés-do-chão direito. Já ali morava cinco anos antes da explosão e lembra-se bem do “corrupio de entra e sai” que terminou nesse fatídico dia 18 de Setembro.
Enquanto as crianças brincam excitadas com a visita inesperada, Marisa, agora com 39 anos, conta a O MIRANTE como foram tempos difíceis os que se viveram no prédio entre Fevereiro e Setembro de 2008. “Desde que vieram para cá as senhoras brasileiras nunca mais houve sossego. Faziam muito barulho e a porta estava constantemente a abrir e fechar, chegámos a ter escrito nas paredes do hall ‘Prostituição aqui não’”, lembra a ama. “Agora está tudo calmo”, diz sorridente e pede desculpa por não poder falar mais, mas as crianças precisam da sua atenção.

Cheiro a Pólvora
A explosão aconteceu às três da madrugada e acordou em sobressalto os moradores do prédio branco e amarelo, que fugiram para a rua em pânico receando tratar-se de uma fuga de gás. O cheiro intenso a pólvora veio mais tarde a denunciar que foi utilizado um objecto armadilhado. A deflagração deu-se junto à entrada do 3º direito, onde três mulheres brasileiras se dedicariam, nas palavras de condóminos com quem O MIRANTE falou, à prática de prostituição desde que foram para ali habitar, a 11 de Fevereiro desse ano. Pouco tempo depois do incidente o apartamento ficou vago. Não se sabe para onde foram as antigas moradoras, mas ninguém tem curiosidade, desde que não estejam por perto já é alívio suficiente.

É preciso avivar a memória
Volvida uma década, desde os incidentes que colocaram Tomar nas bocas do mundo, os atentados à bomba a supostas casas de prostituição já não são tema de conversa nos estabelecimentos comerciais. A urbanização, na zona envolvente da Praça de Touros cresceu e nos prédios novos só dificilmente se recorda o que aconteceu. No cabeleireiro, com instalações novas na Rua de Coimbra, mas que antes estava uma rua abaixo da Angelina Vidal, desvaloriza-se o assunto: “Isso foi coisa de alguma esposa enganada”, diz uma das cabeleireiras mais novas do salão.
A três moradores da zona, já nas casa dos setenta anos, que tomam café numa esplanada não muito longe dos locais afectados há 10 anos, foi preciso avivar-lhes a memória sobre os eventos de 2008.
“Daí para cá as coisas acalmaram”, diz um deles, que não quer o nome no jornal. Na mesma mesa, uma senhora lembra que na altura havia um grande preconceito contra os cidadãos brasileiros, mas agora já estão integrados. “Tomar é uma cidade pacífica que recebe bem toda a gente”, diz, pedindo igualmente que a sua identidade não seja revelada na reportagem.

Anatomia de três crimes

Intervalados por alguns meses, os atentados tiveram início em Fevereiro de 2007, quando uma caixa de correio rebentou numa vivenda na Rua de Coimbra, danificando o portão de ferro e um pilar. Em Janeiro de 2008, outro engenho explodia no 1º andar de um prédio na Rua Construtores Civis, junto à praceta do Bonjardim. Na altura os prejuízos foram avaliados em dois mil euros e tiveram que ser suportados pelo arrendatário do andar onde ocorreu a explosão.
O último atentado aconteceu em Setembro do mesmo ano, num prédio da Rua Angelina Vidal. A deflagração foi tão forte que destruiu o elevador e várias portas, num prejuízo de milhares de euros, suportado pelo condomínio.
Todos os casos foram investigados pelos Serviços Regionais de Combate ao Banditismo da Polícia Judiciária de Coimbra, que, até à data, não chegou a nenhuma conclusão.

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