Leilão da fábrica de açúcar de Coruche não chega para pagar aos credores
Nenhum dos interessados quis comprar o património na totalidade. Venda de equipamentos da DAI conseguiu reunir 2,4 milhões de euros, insuficiente para cobrir os três milhões de euros reclamados pelos trabalhadores e muito aquém dos 8,1 milhões da dívida total.
O leilão da refinaria de açúcar DAI - Sociedade de Desenvolvento Agro-Industrial S.A., localizada em Coruche, rendeu cerca de 2,4 milhões de euros, valor que ficou muito longe dos 8,1 milhões de euros que rondam o total da dívida e também insuficiente para pagar aos trabalhadores os 3 milhões de euros que reclamam. O leilão decorreu na sexta-feira, 7 de Dezembro.
Dos cerca de 50 licitadores inscritos, nenhum licitou a proposta base de 8,1 milhões de euros, para a venda na globalidade daquele património. Três milhões de euros foi a oferta máxima, que não foi aceite pelos representantes dos três bancos credores hipotecários (Millenium BCP, Montepio Geral e Santander Totta).
A representante dos trabalhadores, Teresa Neves, foi a única que defendeu essa licitação. “Três milhões é o valor que devem aos trabalhadores”, valor relativo a salários que ficaram por pagar e indemnizações. “Para nós, tinha sido muito bom ver este desfecho hoje, com a venda da fábrica na globalidade pelos 3 milhões”, referiu.
A venda, por lotes, dos equipamentos, rendeu o valor de 2,4 milhões de euros. A comissão de credores tem agora que decidir se o prédio urbano e o prédio misto, onde se encontra o edificado, serão alvo de novo leilão ou de oferta em carta fechada. O juiz do Tribunal de Comércio de Santarém só decidirá a rateação de créditos pelos credores quando o processo estiver encerrado. Ou seja, quando conseguirem vender a totalidade da fábrica, explicou Carlos Gonçalves, representante do administrador de insolvência, Pedro Garcia Proença.
Para Teresa Neves tudo será “mais difícil” a partir de agora. “É muito terreno, vai ser muito mais difícil a partir de agora”.
DAI durou vinte anos
A empresa foi constituída em Março de 1993 e a unidade industrial começou a funcionar em 1997, para transformar açúcar de beterraba. Com a retirada dos apoios da União Europeia ao sector da beterraba sacarina, a empresa começou a definhar e em 2007 conseguiu uma autorização especial para fabricar açúcar de cana, numa quota até 65 mil toneladas ano. Na altura a fábrica empregava 130 pessoas e foram investidos cerca de oito milhões na reconversão da maquinaria.
Em 2016, a DAI entra em layoff e foi alvo de um Processo Especial de Revitalização (PER), em Fevereiro de 2017, que não conseguiu cumprir. Já este ano surgiu um investidor egípcio que ainda chegou a fazer investimento na fábrica, no entanto nunca concretizou o que seria o projecto que teria para implementar. As incertezas começam a surgir no seio dos trabalhadores e houve um que efectuou o pedido de insolvência da empresa. Essa acção levou ao fim da empresa numa assembleia de credores, no mês de Setembro.