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História da Filarmónica União Lapense é feita de drama e superação
Grupo é constituído na maioria por jovens da terra. O elemento mais velho tem quase 70 anos e toca saxofone

História da Filarmónica União Lapense é feita de drama e superação

Associação celebrou recentemente o seu 110º aniversário com muito sangue novo. Em 1947, um acidente de autocarro roubou a vida a dois músicos e inutilizou os instrumentos da banda. Dez anos depois morreu o presidente da direcção. A colectividade deu sempre a volta por cima. Hoje é um conjunto renovado onde a juventude impera.

O que têm em comum reformados, electricistas, estudantes, serralheiros e operários fabris? À primeira vista nada. Mas existe um ponto em comum: pertencem à banda da Associação Filarmónica União Lapense, que celebrou agora 110 anos. A colectividade é uma das mais antigas do concelho do Cartaxo e tem conseguido ultrapassar várias adversidades, como um grave acidente de autocarro em que morreram dois elementos e os instrumentos musicais ficaram destruídos.
O grupo é actualmente composto por cerca de três dezenas e meia de elementos, na sua maioria com idades entre os 16 e os 25 anos. Os elementos mais novos têm 16 anos e Joaquim Lambéria, com quase 70 anos, é o elemento mais velho e toca saxofone no grupo.
“Este é um grupo muito familiar”, diz o presidente da direcção da Associação Filarmónica União Lapense. Sebastião Barbosa justifica o sucesso e reconhecimento que a banda tem tido ao longo do tempo referindo que é um grupo em que todos se ajudam e onde existe um seguimento familiar de pais, filhos e netos.
A nível financeiro, a situação não é fácil. O presidente da direcção confessa que, tal como os outros grupos, “temos grandes dificuldades, sobretudo por falta de dinheiro”. A sobrevivência é garantida, graças à angariação de dinheiro em festas e em almoços de convívio entre sócios. As deslocações são um dos problemas que o grupo enfrenta e que tem sido resolvido com a ajuda da Junta de Freguesia da Lapa, que tem disponibilizado as suas carrinhas. “A sede é a única coisa que temos, além de alguns instrumentos musicais. O resto é tudo dos músicos da banda”, adianta a O MIRANTE.
A banda da Associação Filarmónica União Lapense foi fundada em 6 de Janeiro de 1909 por José António Clemente, José António Inácio, António Anselmo de Barros e Maurício Clemente. Foram passando os anos e, em 1947, atravessava a banda um dos seus bons momentos quando, no regresso de uma das festas, a camioneta que a transportava voltou-se, perdendo a vida dois músicos e ficando os instrumentos inutilizados. Entretanto, e novamente devido à carolice dos sobreviventes, a banda foi ressurgindo e reapareceu renovada.
Em 26 de Janeiro de 1957, a banda ainda passou por mais um momento negro com o falecimento do presidente, mas mesmo assim continuou a sua actividade musical e cultural. Em 1985, fez parte do Concurso de Bandas da EDP e conseguiu chegar à final.
O convívio à hora da refeição é um dos melhores momentos para os elementos da banda da Associação Filarmónica União Lapense sempre que vão tocar fora. Uns porque têm a oportunidade de provar um prato da terra que visitam, outros pela paródia. “Desenvolvemos mais sentimento uns pelos outros e conhecemos muitas pessoas”, refere Ilídio Barbosa, filho do presidente da direcção e um dos diversos jovens músicos que integram a banda.

Nova direcção à vista
Quase a completar três anos à frente da Associação Filarmónica União Lapense, Sebastião Barbosa afirma que nas próximas eleições, em Março deste ano, não se vai recandidatar à presidência da direcção da associação. É que, confessa, não é fácil conciliar a vida profissional – tem uma empresa na área da electricidade - com o cargo associativo. “Vou abandonar o barco convicto que fiz o meu trabalho, conseguindo reduzir ao mínimo as dívidas que havia pendentes”, conta.

Ana Rita Ribeiro e Ilídio Barbosa

Músicos e namorados

Ana Rita Ribeiro, 23 anos, e Ilídio Barbosa, 19 anos, sempre partilharam o gosto pela música. Um dia decidiram declarar-se e começaram a viver uma história de amor. Hoje, além do coração, partilham também a direcção da banda e os palcos. Para a jovem operadora de caixa e flautista, não é difícil pertencer ao grupo e, ao mesmo tempo, namorar um dos seus elementos. O mesmo garante o electricista que toca trombone no grupo. “Sempre nos demos bem. Agora que estamos ambos na banda, as coisas não pioraram, antes pelo contrário. Sentimo-nos muito mais felizes e realizados”.

Edgar Barbosa, maestro da banda

O jovem maestro

Com apenas 26 anos, Edgar Barbosa é maestro da banda da Associação Filarmónica União Lapense há dois anos e meio. O jovem, filho do presidente da direcção da associação, conta que quando recebeu o convite não estava nada à espera. É que, admite, “comandar as tropas é uma tarefa um pouco complexa. Mas como esta é a minha terra e já conhecia as pessoas, tive a vida mais facilitada”.

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