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Almeirim: terra de vinho e de gente de trabalho
Nas vinhas da Casa Paciência a poda foi feita por homens e mulheres

Almeirim: terra de vinho e de gente de trabalho

Uma reportagem nos campos de Almeirim com gente do campo

Os Homens da poda reunidos para a fotografia numa vinha na Tapada

Nos campos do Ribatejo a poda das vinhas é uma das ocupações principais nesta altura do ano, uma tarefa que normalmente se prolonga até final de Fevereiro. Nos últimos anos os campos da lezíria do Tejo ganharam mais alguns hectares de vinha e, neste momento, a plantação de um hectare de videiras custa quase tanto como comprar um hectare de terra. Sinal dos tempos e da economia de mercado.
O MIRANTE foi aos campos de Almeirim falar com os homens que sabem da poda e lá exercem o seu ofício. Numa vinha da Casa Paciência, encontrámos um grupo de sete agricultores composto por quatro homens e três mulheres. Uma equipa mista num trabalho que dantes estava apenas reservado aos homens.
Todos os homens assumiram na conversa que aprenderam a arte da poda com os pais. As mulheres aprenderam com os homens praticando mas já em alturas da vida profissional bem diferente da dos homens. Fernando Bernardo contou à reportagem de O MIRANTE uma velha história sobre a origem da arte da poda; diz ele que “quem ensinou o homem a podar as cepas foi um burro, que alguém o prendeu por perto de uma vinha. O burro começou a roer as cepas e, mais tarde, verificou-se que essas cepas começaram a dar muito mais uvas que as que não tinham sido roídas”.
Olímpio Florêncio é um profissional experimentado na arte da poda e foi ele que explicou a técnica usada na arte da poda para que as vinhas que são vindimadas à máquina não fiquem destroçadas; “quando a vindima é à mão a cepa pode ficar mais baixa, podemos usar outra técnica”, explicou.
Fernando Bernardo e a mulher, Margarida Santiago, fazem este trabalho há muitos anos mas já andaram pela Holanda a trabalhar em viveiros de flores. Gostaram da experiência mas reconheceram que é muito difícil viver longe da família e da santa terrinha.
Numa vinha próxima, mas já mais perto da Tapada, encontrámos um grupo de nove homens. Trabalham todos juntos há cinco anos. Já tinham acabado a poda quando chegamos junto deles; andavam a amarrar as vides tendo em conta que ali a vindima também vai ser mecânica.
António e Agostinho Silva são os donos da terra mas todos trabalham com o mesmo afinco. “Aqui somos todos iguais”, diz Agostinho, que mais à frente na conversa confessa que é raro levarem vinho no farnel; “o vinho sabe melhor fora do trabalho, ou ao jantar, que é sempre reforçado, para termos energia no dia seguinte”, conta.
António Correia é quem prepara o almoço, faz as compras e cozinha o prato combinado de véspera. No final a conta é dividida por todos. Só à sexta-feira é que bebem vinho no trabalho, ao almoço, confessam, já no final da conversa; “e é vinho da Adega Cooperativa de Almeirim, porque as nossas uvas vão todas para lá”, diz Agostinho, mostrando a veia bairrista.

Almeirim: terra de vinho e de gente de trabalho

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