Não há base que prove que a tourada é traumática para as crianças
Investigadores apresentaram estudos no Museu do Neo-Realismo. Alunos de escolas de toureio provaram fazer melhor uso dos seus recursos psicológicos e os dados mostram que têm mais determinação e auto-confiança que os alunos que frequentam outras actividades do ensino regular.
Não há uma base científica que prove que a corrida de toiros e o seu ensino é traumática para as crianças. A certeza foi deixada na noite de sábado, 30 de Março, no Museu do Neo-Realismo por David Guillén, psicólogo e investigador da Universidade A Distancia de Madrid (UDIMA).
Intrigado com essa questão, o investigador lançou-se num estudo de seis anos envolvendo 196 jovens espanhóis, onde acabaria por chegar à conclusão que não só as escolas taurinas não deixam traumas nos mais pequenos como até se revelaram mais úteis para estes desenvolverem atributos elevados de auto-estima, confiança e facilidade na resolução de imprevistos. As conclusões foram deixadas perante três dezenas de pessoas naquele que foi o primeiro colóquio inserido na Semana da Cultura Tauromáquica de Vila Franca de Xira onde, pela primeira vez, se falou de tauromaquia e ciência.
“Há um problema que se vive frequentemente nesta questão da tauromaquia que é a desinformação. Uma coisa são os dados científicos e comprováveis, outra é a opinião pessoal de cada pessoa. O que me interessou foram os factos comprováveis”, explicou David Guillén.
O investigador analisou os traços de personalidade das crianças que frequentavam as escolas taurinas comparativamente com as que frequentavam actividades do ensino regular no país vizinho. Maior abertura a experiências novas, elevados níveis de afabilidade e maior auto-confiança foram alguns dos dados onde os alunos de escolas de tauromaquia ultrapassaram os restantes. “Vivem mais intensamente e são mais felizes”, notou.
Em contrapartida foram considerados mais introvertidos e reservados que os restantes. “Com a agravante dos jovens que frequentam as escolas taurinas sofrerem uma estigmatização grande. Hoje em dia não está bem visto ser-se toureiro. Quando são vistos no metro a caminho da escola com a muleta e o capote sofrem com essa crítica social”, reconheceu o orador.
David Guillén notou que o argumento de afastar os jovens das escolas de toureio por ser uma actividade perigosa não faz sentido. “E um jovem que esteja a competir no mundial de motociclismo não corre também um elevado risco de vida?”, questionou.
Dedicado ao tema das ciências e tauromaquia, o colóquio incluiu ainda a apresentação de um estudo sobre a superação da dor física no toiro de lide, pelo investigador Fernando Gil Cabrera e por Júlio Fernandez, também eles espanhóis.
O sociólogo vilafranquense Luís Capucha dirigiu os trabalhos, lembrando que “o que mais dói aos anti-taurinos é serem confrontados com os factos científicos” que vão além da simples opinião pessoal.