O mesmo abandono de sempre aqui pela parvónia
Compreende-se que a programação das salas de cinema dos centros comerciais de Torres Novas e de Santarém tenha muito filme para crianças, adolescentes e espectadores do pacote de pipocas mas raramente tenha cinema para quem gosta de cinema. As salas são particulares e a escolha do que é exibido é feita de acordo com aquilo que os proprietários consideram poder atrair espectadores e dar lucro, seja na venda de ingressos, seja na venda de coca-cola e pipocas.
Apesar de tudo os privados ainda vão dando cinema mas há muito tempo que deixaram de apresentar outros espectáculos aqui pela região do Ribatejo. As únicas entidades que o fazem são algumas, raras, câmaras municipais, que tiram umas migalhas dos orçamentos para dar a possibilidade aos cidadãos de assistirem a concertos de música e espectáculos de teatro e dança que de outra forma não poderiam ser vistos.
Falo do Médio Tejo, sub-região onde resido (Tomar). Por estes lados quem promove regularmente alguns espectáculos com um mínimo de qualidade e tem sala em condições para isso é a câmara de Torres Novas e, raramente, Alcanena, havendo alguns municípios mais pequenos que o fazem esporadicamente.
Mas em relação ao cinema a oferta é muito menor, penso que por falta de meios, e geralmente ou aposta em filmes para públicos muito restritos ou opta por fazer o mesmo que fazem os cinemas comerciais. Constato apenas, de forma naturalmente subjectiva, uma realidade. Quando as câmaras municipais falham, os cidadãos do interior (mesmo não sendo do interior profundo) ficam excluídos em matéria de acesso à cultura. Já agora termino com uma outra nota. A divulgação das iniciativas culturais já melhorou mas ainda é muito fraquinha e a maior parte das vezes apenas dirigida a cada concelho, esquecendo concelhos vizinhos onde há públicos. Mas isso tem a ver com a tal visão paroquial de que tantas vezes se fala e com razão.
Ana Catarina Fragoso Pereira