Azambuja acusa Governo de desigualdades na redução do custo dos passes sociais
Vereador socialista quebrou protocolo e interrompeu o Presidente da República durante uma cerimónia para dizer que o seu e outros concelhos não estão a ser tratados de forma igual relativamente à Área Metropolitana de Lisboa.
Aproveitando a presença do Presidente da República em Azambuja, onde participou na cerimónia de encerramento da jornada nacional de reflexão sobre o tema “A economia social no Portugal 2030”, o vereador desse município António Matos (PS) denunciou a desigualdade nas verbas atribuídas pelo Governo às comunidades intermunicipais e áreas metropolitanas para financiar a redução de preço dos passes sociais.
“A economia social é, acima de tudo, para acabar com algumas desigualdades sociais, e estamos num momento em que se estão a criar muitas desigualdades sociais”, começou por dizer o autarca. Acrescentou que para a Área Metropolitana de Lisboa (AML), o Governo foi mais generoso do que para a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), à qual pertence Azambuja. E deu como exemplo que, per capita, cada habitante de Lisboa teve 25 euros, enquanto em Azambuja esse financiamento é de apenas 4 euros por pessoa.
Nesse encontro, realizado na sexta-feira, 29 de Março, o vereador referiu ainda que o concelho de Azambuja está a ser tratado “de forma diferente” e pediu ao Presidente da República, como “guardião da Constituição”, para “olhar para este factor, porque senão é uma grande desigualdade social para as pessoas da Azambuja e para o resto do país”.
Apanhado de surpresa com aquela intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “faz parte da vivência democrática o haver, em cada momento, o apelo participativo que se traduz no desabafar em voz alta”, que considera “tentador” e “quase irresistível” em período pré-eleitoral. Sobre a crítica lançada por António Matos, o chefe de Estado optou por não responder, assinalando apenas o seu poder de “compreensão e capacidade de fazer pontes entre todos”.
Azambuja diz que avança com ou sem a CIMLT
O município de Azambuja promete avançar sozinho, caso a CIMLT não consiga chegar a acordo com a CP e Área Metropolitana de Lisboa para a redução tarifária nos transportes públicos. A informação foi avançada pelo presidente do município, Luís de Sousa (PS), na última reunião camarária. Nessa matéria, o executivo socialista e vereadores da oposição do PSD e CDU estão de acordo, considerando que os utilizadores de Azambuja estão a sair prejudicados, visto que a linha suburbana ainda abrange esse concelho.
“Vamos ter de avançar sem a CIMLT caso esta não consiga o acordo pretendido”, refere Luís de Sousa a O MIRANTE, considerando lamentável a “distorção dos valores anteriormente acordados para esta comunidade intermunicipal”, pela CP e AML. Porém, caso Azambuja chegue a acordo com a AML, o autarca adianta que apenas os utilizadores residentes no concelho que têm as Virtudes ou Vila Nova da Rainha como estação de início ou fim de linha vão ser contemplados com a redução da tarifa.
Segundo Luís de Sousa, a Câmara de Azambuja continua a manter abertas as negociações com AML, tendo já reunido, por diversas vezes, com o presidente dessa associação de municípios, Fernando Medina, e outros responsáveis pela mobilidade.
Redução do preço dos passes na Lezíria deve chegar em Maio
Medida era para entrar em vigor a 1 de Abril no caso dos transportes rodoviários
A Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CMLT) ainda se encontra em negociações com a CP e com a Área Metropolitana de Lisboa visando a redução dos preços dos passes nas deslocações rodoviárias e ferroviárias, prevendo que essa medida só entre em vigor a 1 de Maio próximo.
No âmbito do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) implementado pelo Governo e que vai ser estendido a todo o país, a CIMLT foi contemplada com uma verba de cerca de um milhão de euros para financiar a redução dos passes de transportes públicos.
Ao longo dos últimos tempos, a
CIMLT teve reuniões com os operadores rodoviários, com a CP, com as comunidades intermunicipais envolventes e com a Área Metropolitana de Lisboa e enviou os contratos a celebrar a todos os operadores julgando estarem criadas condições para aplicar essa medida já a 1 de Abril nos transportes rodoviários e, em Maio, no transporte ferroviário.
Só que no decorrer das negociações com a CP e com a Área Metropolitana de Lisboa, “a CIMLT deparou-se com uma quantidade de títulos diferente daquela com que vinha trabalhando desde o início de Fevereiro, o que obriga a refazer todos os cálculos, quer para a redução dos passes rodoviários, quer para a redução dos passes ferroviários”, informou a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, sublinhando que as deslocações ferroviárias da Lezíria para Lisboa e de Lisboa para a Lezíria têm um grande peso, pois a linha suburbana vai até Azambuja.