Salvaterra recusa oferecer viaturas à GNR porque o Estado abusa das câmaras
Sete municípios da Lezíria vão pagar carros para terem melhor serviço da Escola Segura. O presidente da Câmara de Salvaterra de Magos diz que o Estado pendura-se demais nos municípios e que não está para gastar mais dinheiro com coisas que não são da sua competência. A câmara já tem de pagar as rendas de um posto e o alojamento de guardas que “foram abandonados à sua sorte”.
O presidente da Câmara de Salvaterra de Magos recusa comparticipar a aquisição de duas viaturas para a GNR por considerar que é um abuso o Estado andar pendurado nas autarquias. Hélder Esménio não quis fazer parte do grupo de sete municípios da Lezíria do Tejo que, através da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, vão oferecer dois carros para o serviço Escola Segura da Guarda, por considerar que já gasta muito dinheiro com a GNR. O autarca diz mesmo que se sente magoado por ter de andar a resolver situações que dizem respeito à soberania do Estado, realçando que em cinco anos de mandato já gastou com a Guarda 125 mil euros, que davam para fazer uma estrada.
Esménio recorda que é a câmara que está a pagar o alojamento dos militares do posto de Salvaterra de Magos que “estavam abandonados à sua sorte”. O autarca refere-se ao facto de os guardas estarem anteriormente a dormir em condições degradantes no posto, com riscos para a saúde e segurança. Um custo que representa cerca de sete mil euros anuais. A câmara paga ainda cerca de 18.500 euros anuais pelo arrendamento do posto de Marinhais.
“Já pagamos uma viatura por ano”, com os gastos que temos, já para não falar na cedência da antiga Escola Primária da Avenida, que vai ser adaptada para novo posto da sede de concelho. O autarca não está contra os seus colegas que queiram colaborar, compreendendo que “se as câmaras querem que determinado serviço funcione nos seus concelhos tem de pagar”, ironizando que “é tudo um pouco o faz de conta”.
A comunidade intermunicipal vai adquirir através da central de compras as duas viaturas, para distribuir por dois destacamentos da GNR, e o valor vai ser imputado aos municípios aderentes: Almeirim, Alpiarça, Cartaxo, Rio Maior e Santarém (da área de abrangência do destacamento de Santarém) e Benavente e Coruche (destacamento de Coruche).
Na análise ao contrato por parte do gabinete jurídico da Câmara de Almeirim, cujo presidente também lidera a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), justifica-se o mesmo com o facto de a GNR não possuir veículos em número suficiente para a execução das tarefas na área dos municípios da CIMLT. O documento que foi à reunião do executivo camarário fala ainda em restrições orçamentais da GNR.