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Crianças e jovens foram toureiros por um dia
Crianças e jovens aprenderam a usar o capote, numa aula de toureio para mães e filhos, no âmbito da Semana da Cultura Tauromáquica em Vila Franca de Xira

Crianças e jovens foram toureiros por um dia

Aula de toureio para mães e filhos juntou em Vila Franca de Xira miúdos dos três aos 17 anos. Na Semana da Cultura Tauromáquica, os mais novos puderam simular uma espera de toiros, a lide, espetar bandarilhas e a pega, com a ajuda dos alunos da Escola de Toureio José Falcão e do Grupo de Forcados de Vila Franca de Xira.

Crianças e jovens aprenderam a usar o capote, numa aula de toureio para mães e filhos, no âmbito da Semana da Cultura Tauromáquica em Vila Franca de Xira
Crianças e jovens aprenderam a usar o capote, numa aula de toureio para mães e filhos, no âmbito da Semana da Cultura Tauromáquica em Vila Franca de Xira

Aficionado como os pais sonha um dia vir a ser campino. Martim tem cinco anos e foi um dos primeiros a chegar ao largo da câmara, em Vila Franca de Xira, na manhã de sábado, 6 de Abril. Enfiou o barrete de campino e montado num cavalo de pau correu com entusiasmo para o largo com as tourinhas atrás, como se de uma real espera de toiros se tratasse. A “esperita” deu o ponto de partida para a aula de toureio de salão, onde mais de uma dezena de miúdos, dos 3 aos 17 anos, aprenderam a usar o capote, com a ajuda dos alunos da Escola de Toureio José Falcão.
Martim acha que vai dar um bom campino e o pai, Tiago Franco, concorda: “Adormece e acorda a pensar em toiros. Quando soube desta actividade pediu para vir e esta noite mal dormiu tal era a ansiedade”, conta o progenitor a O MIRANTE.
Junto a um grupo de jovens forcados está Zé Maria, de apenas três anos, com as mãos na cintura e olhar atento às exibições dos alunos da escola de toureio. “Está nesta vida desde que nasceu”, começa por dizer a mãe, Andreia Nunes, que o leva aos treinos de forcado do pai e a corridas de toiros. “Quando acorda diz que não quer ir para a escola porque tem de ir ver os toiros”, continua a mãe, que defende que os pais não devem impedir os seus filhos de poder assistir e participar em eventos taurinos. “Se for vontade dele, um dia, será toureiro ou forcado como o pai. A escolha será apenas dele”, diz.
No centro do largo da câmara, Rodrigo Serpa aprende os primeiros movimentos com o capote - que é quase maior que ele - com a ajuda de um dos alunos da Escola José Falcão. Tem cinco anos e ainda não sabe se quer ser toureiro ou veterinário. A mãe, Maria João Peleja, que já na barriga o levava a largadas e corridas de toiros, afirma a O MIRANTE que é de pequenino que se começa a aprender as tradições e cultura vilafranquense. “Ele vibra com tudo isto e eu apoio este gosto que ele tem pelas suas raízes. O espírito que envolve a tauromaquia tem bases muito fortes de união, amizade e entreajuda, que o vão ajudar a ser uma pessoa correcta e bem formada”, diz.

Aficionados e bons cidadãos
Se há quem diga que as tradições taurinas estão a perder força, há quem prove o contrário, dando como exemplo o ano de 2018 - o melhor da história da Escola de Toureio José Falcão, que somou mais de meia centena de participações dentro e fora do país. “E este ano vai pelo mesmo caminho”, adianta a O MIRANTE Luís Capucha, membro da direcção da escola.
A aula de toureio para mães e filhos teve como mote incentivar os mais novos a tomarem o primeiro contacto “com a muleta e o capote”, mas acima de tudo, a “transmitir-lhes os valores da sua comunidade, não apenas na perspectiva de serem toureiros, mas bons cidadãos e bons aficionados”, explica.
Para o dirigente e presidente da Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal, viveu-se um momento onde os mais velhos transmitiram a sua cultura à geração que lhe dará continuidade. Criticando os movimentos anti-taurinos, Luís Capucha defende que é “criminoso impedir as crianças de participar nestes jogos taurinos que fazem parte da sua cultura e do processo de aprendizagem de serem membros desta comunidade que é aficionada”.
Outra defensora do envolvimento dos jovens na tauromaquia é Fátima Nalha, presidente da direcção do Clube Taurino de Vila Franca de Xira. Entende que “não faz sentido afastar os miúdos das praças de toiros e de outros eventos taurinos”, afirmando que “a tauromaquia não incita à violência”, pelo contrário, “ajuda os mais novos a serem mais tolerantes e a saber lidar com os desafios e problemas que a vida lhes coloca”.
É também esta a mensagem deixada por Nelson Lima, presidente da direcção da Associação das Tertúlias Tauromáquicas do Concelho de Vila Franca de Xira: “As crianças que frequentam aulas de toureio encaram com outra serenidade as dificuldades”.

Crianças e jovens foram toureiros por um dia

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