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Histórias de quem ajudou a fazer a Revolução dos Cravos
Membros da Associação Salgueiro Maia prestaram homenagem ao Capitão de Abril na data em que se assinalaram 27 anos da sua morte

Histórias de quem ajudou a fazer a Revolução dos Cravos

Antigos camaradas de armas prestaram tributo a Salgueiro Maia em Santarém. Antigos camaradas de Salgueiro Maia que com ele partiram na coluna militar que ajudou a derrubar a ditadura na madrugada de 25 de Abril de 1974 são este ano convidados especiais das comemorações da revolução em Santarém. No dia em que homenagearam o Capitão de Abril, na passagem dos 27 anos sobre a sua morte, ouviram-se alguns episódios contados por quem esteve por dentro do golpe militar.

Pouco passava das três da madrugada do dia 25 de Abril de 1974 e a coluna militar da Escola Prática de Cavalaria (EPC) de Santarém avançava a bom ritmo rumo a Lisboa, pela Estrada Nacional 3, até chegar junto à Casa das Peles no Cartaxo. Nessa altura, uma chaimite avaria e pára. O comandante da coluna, o jovem capitão Fernando Salgueiro Maia, desesperado, anda de um lado para outro, pensando como resolver a adversidade. Entretanto percebe-se que o problema era eléctrico, a avaria é resolvida e a chaimite seguiu viagem.
A história, uma das muitas desses dias, é contada na primeira pessoa por Augusto Bento Raposeiro, ex-furriel miliciano que participou na Revolução do 25 de Abril. O antigo militar esteve, juntamente com vários camaradas, pela primeira vez no tributo ao Capitão de Abril na data em que se cumpriram 27 anos sobre a sua morte e tinham regresso previsto a Santarém no dia 25 de Abril como convidados especiais das comemorações do golpe militar.
Essa não foi a única peripécia da viagem rumo a Lisboa para ajudar a depor o regime de Marcelo Caetano. Pouco antes da partida, António Raposeiro conta que estava a passar junto ao coreto do Jardim da República com alguns camaradas, quando viu o primo Miguel Maria e a sua namorada Graciete. Tinham acabado de chegar de comboio e estavam ali a namoriscar. “Ele ainda me perguntou o que andava ali a fazer, mas nunca me descosi. Apenas lhe pedi que voltasse a apanhar novamente o comboio e voltasse para o Barreiro, onde na altura vivia. A verdade é que não sabia como aquilo ia acabar”, adianta o antigo militar.
Ministro foge a sete pés
E se a viagem contou com vários percalços, também a chegada a Lisboa não foi diferente. “Ainda me recordo quando chegámos ao Terreiro do Paço. Estava um ministro à janela de um ministério a abanar os braços. Pareciam os bonecos sinalizadores colocados nas estradas. Ele estava a saudar-nos porque pensava que nós, àquela hora da manhã, vínhamos ali de um quartel próximo”, lembrou o ex-furriel miliciano, dizendo que rapidamente o governante fugiu logo que Salgueiro Maia mandou virar as metralhadoras para o edifício.
Durante a cerimónia, o coronel Carlos de Matos Gomes, da Associação 25 de Abril, e a vereadora do município, Inês Barroso, destacaram a valentia exemplar do Capitão de Abril e realçaram a importância do seu feito para o novo espaço de liberdade que hoje temos. “Salgueiro Maia foi um reconhecido obreiro da Primavera deste país sisudo, fechado, sombrio, mudo, que acordou fazendo aparecer novas folhas, flores da vida e sons alegres. Se alguém pensa que isto já não se justifica, então esse alguém está necessitado urgentemente de viver a poesia de Salgueiro Maia”, referiu a autarca.

Histórias de quem ajudou a fazer a Revolução dos Cravos

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