PSD e PS em guerra de palavras a roçar o insulto
Troca de comunicados e posições públicas foram subindo de tom com acusações mútuas. Presidente da concelhia socialista sugeriu eleições antecipadas para a câmara e o PSD chamou-lhe “esquizofrénico” com “vasto cadastro em delapidação de património público”.
Para além da confrontação política na assembleia municipal sobre o atraso nas obras nas encostas de Santarém e reabertura da EN114, abriu-se outra frente de combate com as estruturas concelhias do PS e do PSD a trocarem comunicados e posições que foram subindo de tom. O PSD respondeu no dia 9 de Maio a uma publicação do presidente da concelhia do PS, José Miguel Noras, com um violento comunicado onde até chama “esquizofrénico” ao ex-presidente da Câmara e da Assembleia Municipal de Santarém.
No dia 8 de Maio, o socialista José Miguel Noras carregou nas palavras na sua página no Facebook, na sequência de um comunicado publicado pela Câmara de Santarém que apontava responsabilidades à empresa pública Infraestruturas de Portugal pela demora na reabertura da EN114 em Santarém. Noras chegou mesmo a sugerir a demissão do actual executivo camarário de maioria PSD.
“O Povo de Santarém ter-se-á de pôr ao alto e deixar de ir em cantigas. Caso fique provado que todos os erros do caderno de encargos (nas obras das barreiras), que já custaram mais 375 mil euros do que o previsto, bem como os atrasos das obras autárquicas são propositados, a fim de politicamente culpar, sem qualquer sentido, o Governo que estiver, prejudicando severamente as populações, então será forçoso equacionar a realização de eleições antecipadas”, escreveu Noras.
A resposta do PSD chegou no dia seguinte em forma de comunicado, onde se recordam alguns episódios polémicos da passagem de Noras pela vida autárquica e onde se acusa o PS de “escamotear a incúria do Governo central, que instado para o efeito, não quer reabrir aquele acesso à cidade de Santarém”.
Acusando Noras de espalhar publicamente “mentiras e acusações fúteis, em defesa do seu PS (no Governo) e em claro prejuízo de Santarém”, o PSD de Santarém, que é liderado pelo presidente da câmara Ricardo Gonçalves, estranha que “aquele que outrora esbanjou dinheiro público em relógios, candidaturas goradas a património mundial e diversos trabalhos a mais, venha agora desafiar o PSD a demitir-se da Câmara, por factos que o seu (dele) adorado Governo insiste em praticar”.
Referindo que os trabalhos a mais nas obras das encostas - “em percentagem pouco relevante” - foram imprescindíveis “em face da imprevisibilidade dos terrenos em que se desenvolveu a empreitada”, o PSD diz ainda que José Miguel Noras é “o mesmo arauto e esquizofrénico espalhador de opinião que tem vasto cadastro em delapidação de património público”.
Instado por O MIRANTE a comentar essas considerações relativamente à sua pessoa, José Miguel Noras respondeu assim: “Custa-me a crer que o mesmo político que, a 5 de Março de 2015, me considerava, formalmente, credor de distinção com a Medalha de Ouro do Município de Santarém viesse, agora, com um conjunto de ataques pessoais como os que foram plasmados num comunicado oficial, em resposta a uma publicação minha, nas redes sociais, algo insólito. Esses ataques pessoais não justificam, por não merecerem, o menor comentário da minha parte. Se alguém disse ao político em causa que tinha categoria para me ofender, enganou-o redondamente”.
O Secretariado da Comissão Política de Santarém do PS também emitiu um extenso comunicado na terça-feira, 14 de Maio, manifestando a sua “estranheza pelo teor e pelo tom do recente ataque” da Concelhia do PPD/PSD, “mediante uma linguagem desequilibrada e difamatória”. E acrescenta, entre outros pontos, que “o Partido Socialista só lamenta a total desorientação e a falta de rigor na análise política e na apreciação de factos da História recente do município, que se encontram bem documentados e que deixam a nu a ausência de soluções e de estratégia da actual gestão do Concelho de Santarém”.