Alunos de Vila Franca de Xira puxam as orelhas ao Ministério da Educação
Estudantes têm aulas em escolas sem condições e exigem melhorias. Assembleia Municipal Jovem reuniu estudantes de 12 estabelecimentos de ensino do concelho para debater o tema das alterações climáticas mas a maior preocupação acabou mesmo por ser o mau estado das escolas que são responsabilidade do Ministério da Educação.
Aulas em pavilhões com telhados de fibrocimento contendo amianto (uma substância potencialmente cancerígena), salas de aulas velhas e sem climatização, páteos a precisar de novos telheiros, equipamentos tecnológicos obsoletos, corredores onde cai água da chuva, casas de banho degradadas e páteos exteriores degradados e vandalizados. Estes foram alguns dos problemas identificados por vários alunos de 12 escolas do concelho de Vila Franca de Xira que participaram na Assembleia Municipal Jovem (AMJ) realizada a 8 de Maio na Secundária Alves Redol, uma das escolas que precisa urgentemente de obras.
Prova disso foi o próprio pavilhão onde se realizou a sessão, que tinha baldes no chão para apanhar a água da chuva que escorria e pingava do tecto, também ele feito de placas de fibrocimento.
Os estudantes não se acanharam e puxaram as orelhas ao Ministério da Educação, queixando-se de viva voz dos problemas que lhes são causados no dia-a-dia por terem aulas em escolas que estão em mau estado e a precisar de intervenções de fundo há mais de 30 anos. “Nesta escola passaram milhares de jovens alunos desde que foi aberta em 1986. A escola é a nossa segunda casa mas precisa de obras”, notaram os alunos da Secundária Alves Redol.
Mas houve preocupações semelhantes vindos dos Agrupamentos de Vialonga, Alhandra e Póvoa de Santa Iria. Do Agrupamento de Escolas do Bom Sucesso emergiram preocupações sobre a falta de melhores acessos ao estabelecimento de ensino.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), concordou que as escolas que são responsabilidade do Governo precisam há muito de intervenções urgentes. Lembrou que nas escolas que são competência da câmara – pré-escolares e de primeiro ciclo – os problemas estão ultrapassados graças a um forte investimento municipal que permitiu, além de requalificar os espaços, acabar com a existência das placas de fibrocimento.
O estudo realizado pelo município mostra que a recuperação de todas as escolas competência do Ministério da Educação custaria cerca de 27 milhões de euros. Por isso Mesquita diz que deve ser o Estado a financiar essas empreitadas. A câmara vai ficar com a responsabilidade dos estabelecimentos de ensino no âmbito da descentralização de competências, mas o autarca avisa que obras de fundo e melhoramentos que as escolas precisem terão de ser asseguradas pelo Governo e não pela câmara. No limite, o município diz que estará disponível para celebrar contratos-programa em que a autarquia pague as obras mas seja depois ressarcida financeiramente pelo ministério. “No que diz respeito à escola de Vialonga nunca estivemos tão perto de ter aquele problema resolvido. Vamos terminar a fase de projecto até ao final deste ano e depois o ministério deverá avançar com o procedimento para que se entre em obra”, explicou o autarca.