Portugal é um paraíso que tem mais encanto quando se vive no estrangeiro
Patrick Adão, 18 anos, emigrou há cinco anos para o Luxemburgo juntamente com os pais. Em Agosto de 2013 o jovem de Salvaterra de Magos estava entusiasmado por ir viver para o estrangeiro mas hoje diz que não é fácil a vida de emigrante. Cada vez que parte continua a cair-lhe uma lágrima de saudade.
Patrick Adão, 18 anos, é um dos muitos portugueses que foi viver para o estrangeiro na sequência da crise económica que assolou o nosso país na primeira metade desta década. Em Agosto de 2013, o jovem estudante de Salvaterra de Magos partiu com os pais em busca de uma vida melhor no Luxemburgo. Actualmente a mãe trabalha numa lavandaria e o pai é taxista.
“Na altura estava super entusiasmado em viver para fora do país. Ainda por cima para o Luxemburgo, que foi onde nasci e onde tinha muita família e amigos”, confessa o jovem residente em Kayl, dizendo que os primeiros dias foram difíceis e ainda hoje está a adaptar-se ao Luxemburgo. “Não é fácil conseguir viver ao ritmo que a vida leva aqui. Aqui ninguém te ensina a nadar, mandam-te para a água e tens que aprender sozinho”, conta.
Patrick Adão explica que existem bastantes diferenças entre Portugal e Luxemburgo. Começa logo pela forma de relacionamento. Enquanto os portugueses são mais calmos e abertos, com os luxemburgueses já não acontece o mesmo: andam sempre apressados, não dizem bom dia quando passam por alguém na rua e não sorriem. “Acontece muitas vezes é dizer que sou português e eles começam logo a dizer asneiras em português. Eles não sabem dizer bom dia, mas as asneiras aprendem depressa”, conta. Outra diferença é que no Luxemburgo as pessoas não têm o hábito de beber café antes ou depois do trabalho, contrariamente aos portugueses. “Como neste país há poucos dias de sol, as pessoas recolhem-se mais em casa e convivem menos”, admite.
Apaixonado pelo país natal, o jovem estudante de comércio e administração confessa que sente muitas saudades de Portugal, sobretudo do sol, dos amigos e da comida portuguesa, apesar de, ainda hoje, a mãe agarrar nos tachos para cozinhar um bom bacalhau à brás ou um cozido à portuguesa. “A verdade é que Portugal é um paraíso mas os portugueses não lhe dão valor. A economia não é boa, mas as praias, o sol, a comida, o rio Tejo, as pessoas calorosas e acolhedoras, isso faz do país um autêntico paraíso”, garante, dizendo que vem várias vezes a Portugal passar fins-de-semana e no Verão costuma vir por três semanas.
O dia de Patrick Adão começa sempre bem cedo. Acorda pelas seis da manhã, toma o pequeno-almoço e desloca-se para o estágio que está a tirar no serviço de apoio ao cliente de uma empresa de telecomunicações em Kayl. Almoça no escritório e, pelas 17h00, volta para casa, onde reside com os pais. É nessa atura que aproveita para estar com a família e dedicar-se aquilo que mais gosta: a música. Já aos fins-de-semana aproveita para dormir até mais tarde e sair com os amigos. Algumas vezes ainda vai almoçar ou jantar a um restaurante português com os pais, a irmã e o cunhado e frequenta também festas portuguesas.
Uma carreira na música em Portugal
Patrick Adão admite que a área em que está actualmente a estagiar é, sem dúvida, bem mais fácil que trabalhar na construção civil, sujeito à chuva, à neve e ao frio. “Estou muito grato por poder ter um trabalho onde não estou em risco de apanhar nenhuma doença ou algo mais grave como acontece com muitos emigrantes portugueses”, diz.
O Luxemburgo é um país pequeno, com muitos emigrantes. No futuro, e porque o seu sonho é vingar no mundo da música, pretende regressar definitivamente a Portugal e fazer cá a sua carreira. Quanto a constituir família, o jovem diz que tinha todo o gosto que os filhos nascessem em Portugal e vivessem no Ribatejo. “É que ser ribatejano é ter força para tudo e encarar o touro pelos cornos e gostava de educar os meus filhos dessa forma”, adianta.