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Fábrica João de Deus em Samora Correia esconde fabrico de radiadores
Venicio Monteiro (ao centro) e João Correia Neves à saída da unidade fabril após a visita ao interior interdita a jornalistas

Fábrica João de Deus em Samora Correia esconde fabrico de radiadores

Empresa mantém actividade em secretismo para não melindrar clientes estrangeiros. A fábrica de radiadores João de Deus não permite que o mais insignificante espaço da fábrica seja fotografado para não violar os contratos com grandes clientes do sector automóvel, que impõem cláusulas milionárias de confidencialidade.

A fábrica de radiadores João de Deus, em Samora Correia, guarda o fabrico de radiadores no máximo segredo possível como se de um tesouro se tratasse. Durante a visita à unidade do secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, no âmbito dos Encontros para a Competitividade e Inovação do IAPMEI, foi proibido fotografar e filmar e os jornalistas tiveram mesmo de deixar o equipamento à porta.
Em causa está o facto de, até para se produzirem radiadores, os grandes clientes obrigarem a cláusulas de confidencialidade, que são milionárias. Apesar de a empresa ter donos, são marcas como a Audi, Ford e Peugeot que não permitem a administração da João de Deus & Filhos, S.A. abrir livremente as suas portas. A revelação foi feita pelo administrador da empresa, Venicio Monteiro, depois de recusar aos jornalistas a captação de imagens na área fabril daquelas instalações. “Essa decisão não é nossa, mas das quinze marcas diferentes com as quais trabalhamos”, explicou o administrador, acrescentando que para cada novo projecto desenvolvido pela fábrica “há um novo acordo de confidencialidade que é firmado”.
Na indústria automóvel, uma das mais competitivas do universo empresarial, esta obrigação de confidencialidade é “uma estratégia do próprio construtor” para se conseguir diferenciar e fazer crescer a sua marca na quota de mercado e, “quem produz é obrigado a cumprir à risca o acordo que assina”, afirma Venicio Monteiro.
Apesar de o IAPMEI, organismo público que apoia o financiamento empresarial ter lançado um convite à imprensa para acompanhar o roteiro que passou por várias empresas sediadas na Lezíria e Vale do Tejo, nos distritos de Santarém e Lisboa, a João de Deus mostrou-se irredutível na sua decisão. Em 2018, a João de Deus, líder mundial na produção de intercoolers acumulou um valor de vendas na ordem dos 55 milhões de euros. Emprega actualmente 478 trabalhadores e exporta peças para todo o mundo.

Evacuação por intoxicação alimentar gerou prejuízo

A evacuação de emergência que no mês de Abril paralisou a João de Deus, durante um dia, foi o suficiente para que “houvesse uma perda económica substancial”, referiu Venicio Monteiro a O MIRANTE. “Temos procedimentos de emergência e como não sabíamos o que pudesse estar a causar aqueles sintomas [náuseas e vómitos] aos trabalhadores, decidimos accionar o nível máximo de emergência, a evacuação. Sabíamos do impacto que isso teria, mas acima disso está o bem-estar das pessoas”, acrescentou.
Recorde-se que na altura,
O MIRANTE que acompanhou o caso, tentou falar com a administração da empresa que se remeteu ao silêncio, não permitindo sequer a presença de jornalistas nas suas instalações. As causas que levaram três dezenas de funcionários ao hospital ficaram a ser conhecidas três semanas após o ocorrido, depois de a empresa revelar o relatório médico, que comprovou tratar-se de uma gastroenterite viral.

Fábrica João de Deus em Samora Correia esconde fabrico de radiadores

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