Cem Soldos volta a transformar-se num grande recinto de espectáculos onde vai decorrer mais uma edição do Festival Bons Sons, em que a música é o prato forte mas longe de ser o único. A organização do festival e os moradores dessa aldeia dos arredores de Tomar preparam tudo ao pormenor para que nada falte: cedem terrenos e quintais que se transformam em palcos e restaurantes. Avós e netos do grupo de costura criativa preparam chapéus ou porta-chaves, com a Tixa, a mascote do festival, entre outras peças artesanais que estarão à venda na loja do festival.
Uma das novidades deste ano é a produção dos vídeos comunitários, que pretendem ir ao encontro dos dez pontos do Manifesto do Bons Sons, revelando tudo o que Cem Soldos e todos os seus habitantes fazem para acolher quem visita a aldeia.
Além disso, não vão faltar espectáculos de dança, teatro, cinema entre outros, numa programação paralela aos concertos que se vão realizar entre 8 e 11 de Agosto. Em parceria com o Festival Materiais Diversos, que se realiza em Setembro, vai-se potenciar o conhecimento e experiência dos dois projectos e criar uma simbiose entre música e artes performativas que dão origem a um programa composto por três espectáculos de dança: “Coexistimos”, de Inês Campos; “Danza Ricercata”, de Tânia Carvalho; “Nem a própria ruína”, de Francisco Pinho, João Dinis Pinho e Dinis Santos.
“Portuguesas Inesquecíveis”, com direcção de Cláudia Gaiolas e dramaturgia de Alex Cassal, é a peça de teatro que dá a conhecer duas figuras femininas importantes da nossa história: Leonor de Almeida, a Marquesa de Alorna, e Carolina Beatriz Ângelo, médica, mãe, feminista e a primeira mulher a votar em Portugal, em 1911.
“Volta a Portugal em Coreto”, por Tiago Madaleno, é um monumento em forma de coreto que visita várias regiões do país como forma de promover uma homenagem ao performer amador. No décimo aniversário do Curtas em Flagrante, este festival itinerante de cinema regressa ao Bons Sons com duas sessões onde são exibidas várias curtas-metragens.
Em parceria com o Politécnico de Tomar, “Ao longe, vejo de perto a aldeia” é uma instalação de vídeo ao longo de um percurso que convida a sair do espaço central da aldeia e conhecer as redondezas. Este trabalho mostra o olhar de oito jovens estudantes de Cinema sobre o quotidiano da aldeia de Cem Soldos. Ana Bento e Bruno Pinto vão dar a conhecer o lado menos visível do festival e da aldeia. “Será uma viagem por entre as pedras, os canteiros e as portas que contaminam e se deixam contaminar pelo Bons Sons para revelar as histórias escondidas por entre a história e desvendar os segredos de quem habita no local o ano inteiro”, refere a organização.

Debates e muitas actividades
O projecto de jornalismo independente “Fumaça” vai apresentar dois momentos de reflexão e crítica sobre quem somos e o que fazemos: podem as artes e a cultura ser o motor das aldeias, vilas e cidades do país que não está à beira-mar plantado. “Territórios e Interioridade” é o tema da conversa que se realiza no sábado, 10 de Agosto, e pretende debater como fortalecer a contemporaneidade no campo. No domingo, 11, a conversa “Artes e produção cultural” conta com a participação da directora do Festival de Materiais Diversos, Elisabete Paiva, e a cantora Ana Deus.
Não vão faltar actividades para todos, como por exemplo os “Jogos do Hélder”, de inspiração medieval, que desenvolvem competências pessoais e sociais de forma divertida. A Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino marca presença no curral do Bons Sons onde vai dar a conhecer o Burro de Miranda. O Bons Sons proporciona ainda o Espaço Criança que vai ter várias actividades diárias e brincadeiras.