Investigadores vão desenvolver em Santarém alimentos inovadores para animais
Laboratório colaborativo dedicado à alimentação animal vai nascer na Estação Zootécnica Nacional, envolvendo dezasseis entidades.
A Estação Zootécnica Nacional (EZN), em Santarém, vai receber um Laboratório Colaborativo dedicado à investigação e inovação em alimentação animal, projecto de dois milhões de euros que envolve 16 entidades e vai empregar 30 pessoas, na maioria investigadores.
Olga Moreira, coordenadora da EZN, pólo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) situado no Vale de Santarém (Santarém), disse à Lusa que, além da criação de emprego científico, o InovFeed – Estratégias Alimentares Inovadoras para uma Produção Animal Sustentável procurará encontrar respostas para questões que o aumento do consumo de carne tem vindo a colocar.
Como grandes linhas orientadoras do projecto, que resulta de uma candidatura à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), encontram-se a exigência de que o modo de produção de carne seja mais sustentável e mais eficiente, tanto para a produção como para o ambiente, e produzir animais saudáveis para humanos saudáveis, como decorre da iniciativa One Health, da União Europeia, salientou.
O InovFeed, que agrega entidades do sector público – além do INIAV, que coordena, as Universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), de Évora, do Porto (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência) e de Lisboa – e do privado – a Associação de Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA), que detém 80% do mercado, e nove empresas agroalimentares suas associadas – prevê a criação de 30 postos de trabalho em cinco anos, 18 deles investigadores.
Olga Moreira afirmou que, entre os pressupostos deste laboratório, está o facto de a produção pecuária estar fortemente dependente de recursos alimentares ricos em proteínas, sendo de extrema importância o desenvolvimento de estratégias alternativas de fornecimento de proteína que minimizem a dependência de importações e o desperdício.
Outra vertente passa pelo aumento da valorização de resíduos orgânicos, resíduos não utilizados e novas gerações de subprodutos da agroindústria, que serão destinados à cadeia alimentar.
Além de novas fontes de nutrientes, serão desenvolvidas alternativas aos antibióticos, baseados em vegetais, para acabar com a resistência microbiana e garantir animais saudáveis, acrescentou.
A candidatura à FCT implicou uma análise das tendências para consumo de carne, estando previsto um crescimento do consumo a nível global e uma estabilização na UE, até 2050, com uma redução gradual do consumo per capita, tendo em conta as novas tendências de não consumo na Europa.
Esta perspectiva obriga a pensar em “modelos híbridos” e tecnologias inteligentes para os produtores de alimentos para animais, de forma a assegurar a sua sustentabilidade e aumentar a eficiência, salientou.