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Em dia de São Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho
Luís Ferreira acompanhado pela família Santos

Em dia de São Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho

O MIRANTE foi provar o vinho novo à Feira de São Martinho da Golegã, no dia 11 de Novembro, e trouxemos de lá algumas histórias.

Elisabete Ramos e a sobrinha Carolina Almeida a venderem castanhas no S. Martinho
Carlos Barreto do Pátio da Galega
Aurélio Ferreira da Adega Ribatejana

Carlos Barreto, proprietário do restaurante Pátio da Galega, diz que este ano houve vinho e do bom pelo São Martinho na Golegã. “Só uso vinho de adegas ribatejanas e, pelo que provei e dei a provar, o vinho está com muita qualidade”, afirma. Chegar à Golegã em dia de São Martinho e encontrar sítio para estacionar não costuma ser fácil devido à romaria de pessoas que acorrem, nesse dia, à capital do cavalo. Este ano isso não aconteceu. Para Carlos Barreto, o facto de ser segunda-feira e ser dia de trabalho para muita gente pode ser uma das razões, mas ainda assim garante que não foi um mau dia para o negócio embora já tenha havido muito melhores.
Aurélio Ferreira representa a Adega Ribatejana há sete anos e garante que o vinho novo que tem servido é muito bom e que não foi o facto de fazer pouco frio que impediu o vinho de amadurecer. “Apesar de ter feito pouco frio, tanto o vinho novo como a água-pé estão muito bons e isso notou-se na quantidade de vinho que vendemos aos nossos clientes” afirma.
A chuva que se fez sentir durante a Feira Nacional do Cavalo prejudicou em parte o negócio, mas ainda assim o balanço é positivo. “A melhor maneira que tenho para ver que correu bem é quando um cliente sai do restaurante com mesa marcada para o ano seguinte. E isso aconteceu com muitas pessoas”, explica o empresário.
Nem todo o comerciante sai da feira satisfeito. Elisabete Ramos assa castanhas há 20 anos e queixa-se que o Verão de São Martinho tirou férias e prejudicou o negócio, embora não tenha sido a única razão. “A chuva estragou as vendas a muito gente, mas a falta de dinheiro na carteira das pessoas também não ajudou”, explica desiludida, mas bem-disposta e com um sorriso no rosto.
Elisabete tem consigo a sobrinha Carolina que espera que a acompanhe e mantenha a tradição de vender castanhas assadas nas feiras da região. “Se ela assim o entender gostava de a ter comigo. Porque isto hoje em dia estuda-se muito, mas não há perspectivas de emprego. Aqui sempre se ganha qualquer coisa”, afirma enquanto Carolina olha com uma expressão de quem tem ainda o futuro por definir.
Luís Ferreira, que visita todos os anos a Golegã por esta altura, explica ao repórter de O MIRANTE as razões que o fazem não faltar. “Tiro férias para vir aqui durante uma semana procurar descanso intelectual”, conta para dizer logo a seguir que o descanso físico fica para quando regressar ao trabalho, altura em que os excessos ao nível da comida e da bebida deixam de fazer efeito. Luís considera que a feira da Golegã é uma feira familiar e que “enquanto esta se mantiver assim e as famílias continuarem a vir isto nunca vai morrer”.
Foi com uma destas famílias que estivemos à mesa enquanto almoçavam. A família Santos vem de Leiria há 20 anos e traz consigo três cavalos. Alexandra Santos é um dos membros mais jovens da família e escolhe tirar nesta altura as suas únicas férias para acompanhar os pais na feira. “Esta feira é um motivo para poder estar com a família, amigos e ver bons cavalos, sendo que este é o factor principal para quem, como eu, é apaixonada por este animal”, afirma a jovem.
Se pudesse mudar alguma coisa neste certame seria conseguir transmitir bom senso a algumas pessoas que estão em cima dos cavalos, muitas das vezes alcoolizadas. “O cavalo tem que ser respeitado. Deve-se estar trajado e em condições para se montar a cavalo”, critica Alexandra, embora reconheça que nos últimos anos a situação tem vindo a melhorar.

A suíça Régine Fridli, fotografada em Dia de S. Martinho, diz que a Golegã é a Hollywood do mundo equestre

Belisco-me todos os dias para saber que não estou a sonhar

Régine Fridli chegou há dois anos à Golegã vinda de Genebra, Suíça. A conversa foi feita em inglês porque o português de Régine não é fluente e o francês do repórter de O MIRANTE muito menos. Aos 64 anos chegou este ano à reforma e quer viver o resto da sua vida na Golegã.
Confessa-se apaixonada pelo cavalo lusitano e foi por ter comprado um que ouviu falar da Golegã. “No mundo dos cavalos a Golegã é muito famosa. Os portugueses não têm noção. É a Hollywood do mundo equestre”, afirma. Conta que comprou uma casa antiga na vila e que, depois de ter estado durante dois anos cá e lá, vai mudar-se permanentemente para a Golegã por sentir e por dizerem “que é mais goleganense do que os goleganenses”.
A trabalhar na empresa proprietária do complexo hípico da Golegã, Lusitanus, diz que todos os anos recebe pela feira de São Martinho gente vinda de todo o mundo, como Venezuela, Costa Rica, Alemanha, Austrália, etc... “Em lado nenhum do mundo se encontra algo deste género. Aqui a feira faz-se nas ruas da vila e isso marca a diferença”, conta para explicar que não é preciso gastar dinheiro para visitar a Feira da Golegã e que esta tem uma oferta muito diversificada e de qualidade.
A grande paixão de Régine é a sua égua Harpa, uma puro-sangue Lusitano. Beija-a como uma mãe beija um filho e isto deve-se ao facto desta raça de cavalo, segundo ela, ter uma sensibilidade que mais nenhuma tem.
Quando acorda todas as manhãs, Régine belisca o seu braço para saber que está a viver uma realidade e não um sonho. “A vida aqui é especial. Tenho o orgulho de poder dizer que já não sou suíça. Sou goleganense”, conclui.

Em dia de São Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho

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