Chamusca distingue personalidades que marcam a história recente do concelho
Os seis homenageados foram Sérgio Carrinho, José Cid, Bombeiros Voluntários da Chamusca e, a título póstumo, o médico Artur Barbosa, o farmacêutico Joaquim Machado e Manuel José Moedas.
A medalha de honra da União de Freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande foi atribuída pela primeira vez a instituições e individualidades que marcaram a história do concelho ou que ainda hoje desempenham funções de mérito reconhecido. Os seis homenageados foram o ex-presidente de câmara Sérgio Carrinho; o músico José Cid; a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Chamusca e, a título póstumo, o médico Artur Barbosa; o farmacêutico Joaquim Machado; e Manuel José Moedas, considerado nesta homenagem como “o homem mais castiço da Chamusca”.
Familiares de todos os homenageados marcaram presença, numa cerimónia que durou pouco mais de uma hora, no sábado, 7 de Dezembro, mas que fez aquecer corações e derramar lágrimas de orgulho e de saudade. O músico José Cid tinha confirmado presença mas, por motivos de última hora, não compareceu na cerimónia.
A entrega da Medalha de Honra da União de Freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande vai passar a ser um “ritual” anual sempre a acontecer no mês de Dezembro, como “dever de gratidão” pelas gentes da terra que ajudaram a população.
Sérgio Carrinho continua a ser o presidente do povo
O ex-presidente da Câmara da Chamusca, Sérgio Carrinho, foi a figura que mais destaque teve nesta cerimónia. São ainda muitos os que se dirigem a ele como “o presidente”, o que o deixa satisfeito, embora não se deixe envaidecer. “Prefiro que me chamem Sérgio, mas não me importo que me chamem presidente”, referiu a O MIRANTE. “É sinal que lhes deixei boas memórias, caso contrário mudavam de passeio para não terem que me cumprimentar”, disse entre risos.
Sem ter qualquer problema em conter as suas emoções, Sérgio Carrinho deixou rolar as lágrimas enquanto ouvia as palavras que lhe foram dedicadas pelo presidente da União de Freguesias, Rui Martinho. “Homenagear Sérgio Carrinho é um acto de justiça e mesmo assim muito pouco perante o tanto que este município lhe deve. Não há projecto, conquista ou obra implementada que, de forma directa ou indirecta, não esteja associada ao nosso ex-presidente de câmara”, referiu o autarca.
Já com a medalha de honra ao peito, na presença da esposa, filhos e netos que também não esconderam a emoção, foi visível que a família é agora a sua única prioridade. Os netos, que não largaram o avô, mal o deixaram falar à comunicação social, tais eram os apelos para chamarem a sua atenção.
“Tive que ser mãe e pai para ele ser o político que foi”
A política ficava à porta de casa de Sérgio e Elisete Carrinho. Aliás, a esposa do ex-autarca da Chamusca ganhou repulsa à política por ter sido colocada em segundo plano para que Sérgio Carrinho pudesse dar mais atenção aos desígnios da Chamusca do que propriamente a ela e aos filhos.
“Passei momentos de muita solidão. O tema da política era interdito em casa, mas muitas vezes tinha que aguentar o ‘mau feitio’ dele porque algo não lhe tinha corrido bem”, confidenciou Elisete Carrinho a O MIRANTE, entre lágrimas. Ainda assim, não esconde o orgulho que sente no marido por todo o carinho que ainda recebe por parte da população que serviu. “A mim ainda me chamam também a ‘pombinha’, remetendo para a primeira-dama”, diz com um sorriso. Sérgio Carrinho casou no ano de 1976 e foi para a câmara em 1980 e só saiu em 2013. “Foi uma absorção total, faltou muitas vezes em casa”, rematou a esposa.
Artur Barbosa o médico sempre disponível
O médico Artur Barbosa foi recordado por ter colocado “o bem estar dos seus pacientes acima do seu”. Disponível 24 sobre 24 horas. Natural da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, foi viver para Santarém aos 17 anos, tendo concluído o liceu naquela cidade. Entrou em Lisboa, na Faculdade de Ciências Médicas, em 1976 e após terminar o curso fez dois anos de estágio em Cascais, antes de ser colocado na Chamusca. Além de director da Unidade de Saúde Familiar era também médico legista, fazendo as autópsias no gabinete médico legal do Médio Tejo. Morreu a 2 de Agosto de 2014, “cedo demais” referiram muitos populares durante a cerimónia, aos 57 anos. A medalha foi recebida pela esposa, Filomena Barbosa.
Foram as mãos de Fernanda Machado, esposa do falecido farmacêutico Joaquim Machado, que receberam a medalha de honra destinada ao marido. Considerado um profissional de corpo inteiro e um homem de bom coração, morreu aos 62 anos, no ano de 2013. “Para ele, os fins-de-semana e feriados eram dias como os outros. Ajudou sempre desinteressadamente quem lhe batia à porta, muitas vezes a altas horas da noite”, referiu Rui Martinho.
Manuel José Moedas, o “homem mais castiço da Chamusca”, assim apelidado durante a homenagem, foi recordado pela sua postura ímpar como mesário da Santa Casa da Misericórdia, com o pelouro da Praça de Toiros e membro do Conselho de Administração da Fundação Rafael e Maria Rosa Neves Duque. Foi o filho, José Moedas, que recebeu a medalha de honra em seu nome.