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Ginástica acrobática faz voar atletas do Clube Benaventense
Ginastas do CUAB conciliam os treinos com a escola

Ginástica acrobática faz voar atletas do Clube Benaventense

São mais de meia centena as atletas do Clube União Artística Benaventense que se preparam para o início de mais uma época de competições.

Os treinos começam depois de um dia de escola. Alongam-se os músculos e treina-se a flexibilidade até ao limite. Depois, em pares ou trios treinam-se exaustivamente os exercícios que vão ser executados nas próximas competições distritais, daqui a dois meses, que dão acesso às provas nacionais. É esta a fórmula para o sucesso das 57 praticantes de ginástica acrobática em competição do Clube União Artística Benaventense (CUAB).
Algumas mães assistem ao treino, que acontece duas a três vezes por semana. “É muito pouco. Deviam treinar mais, mas é difícil conciliar com a escola”, atira a treinadora, Nádia Loureiro. Também é duro treinar depois de um dia de aulas e com testes e trabalhos para fazer, reconhece a treinadora, lamentando que o ensino em Portugal “na prática não seja mais flexível” para os atletas de alto rendimento.
Para se ser atleta de competição é preciso muito rigor, empenho e objectivos bem delineados. Em cima do tapete vermelho cada uma sabe o que tem de fazer e melhorar - umas a expressão facial, outras a postura, força ou flexibilidade. Para as volantes - as mais leves - é uma batalha dura até conseguirem ficar três segundos apoiadas em outras mãos de cabeça para baixo e sair em duplo salto mortal. “O sacrifício é tanto que se estivessem aqui obrigadas não iria funcionar”, alerta a treinadora e antiga ginasta do clube.
Durante os treinos, além dos sorrisos de quem gosta do que faz, vêem-se caras de esforço de quem teima em não dar a luta por vencida. “É rara a aula em que três ou quatro não chorem, pela dor física ou com a frustração imensa de tanto tentar e não conseguir. Neste caso, trata-se de uma equipa 100 por cento feminina com idades complicadas, em que as hormonas desencadeiam imensas emoções”, diz a treinadora.
E, reafirma Nádia Loureiro, não se pense que não há motivo para se deixar cair uma lágrima. “Se for um bom treino dói tudo, os músculos, articulações, as micro-lesões e as rupturas. Dói até o cabelo, porque tem de estar muito bem apertado. Depois dói o psicológico porque para atingir algo tecnicamente é preciso muito foco e persistência”, aponta.

O maior problema é a falta de espaço
Magricela e de olhos azuis, Luísa Teixeira é a mais nova do grupo mas já voa alto quando é lançada pelas colegas que no trio ocupam as posições de base e intermédia - termos de ginastas, que a pequena Luísa já traz presentes no seu vocabulário. É nas colegas que tem de aprender a confiar, até de olhos vendados. Luísa ainda tem algum medo, mas esforça-se para este ano se iniciar nas competições.
“Têm que ser muito leais umas às outras, ganhar confiança e nunca faltar a um treino, pois sabem que vão prejudicar as colegas do grupo. Se uma faltar é um problema”, adverte a treinadora. Mas o maior deles todos é o da falta de espaço. “Dava jeito um espaço maior. Faltam-nos quatro metros para termos 12 por 12 metros - tamanho dos praticáveis de competição - e têm de treinar à vez. Fecham os olhos e imaginam que lhes faltam dois tapetes”, lamenta, apesar de agradecer o espaço que lhes é cedido pela Câmara de Benavente no edifício das piscinas municipais.

Acrobática é a ginástica mais completa
Para se ser atleta de ginástica acrobática a treinadora explica que outras modalidades de ginástica vão também entrar em jogo. “As ginastas têm de voar como nos trampolins, ter o equilíbrio e dinâmica de quem pratica tumbling, o sprint da aeróbica e a postura de ballet. A acrobática acaba por ser um bocado de todas as modalidades”.
A vontade é o mais importante e a flexibilidade trabalha-se com o tempo. Até uma pessoa rígida consegue fazer uma espargata, “basta querer e trabalhar para isso”. A idade também conta mas não é entrave. “Para os mais novos é mais fácil adquirir flexibilidade, mas depende. Prefiro treinar quem quer ser ginasta do que quem nasce a sê-lo”, afirma a treinadora.
Há mais de 30 anos que se pratica ginástica acrobática no CUAB, mesmo antes de terem surgido as primeiras competições da modalidade, que agora luta para ser olímpica. No CUAB luta-se particularmente por patrocínios. “Onde estão? No futebol. Aqui temos a sorte de alguns pais conseguirem alguns e de o clube ter algum suporte monetário, porque esta é uma modalidade muito cara, com o equipamento de competição a ultrapassar a centena e meia de euros ”, diz.
Nádia Loureiro, 46 anos, começou a dar aulas de acrobática no clube ao mesmo tempo que era atleta. Não faz dos treinos a sua profissão, já que a ginástica não estica para lhe pagar as contas. “O que me faz continuar são estas meninas e a forma como as faço acreditar na modalidade e nos valores que lhes transmito enquanto treinadora”. E a busca pelo “sabor do sucesso que vence o cansaço”.

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