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Tribunal suspende leilão da Prado Karton na véspera
Leilão iria decorrer no antigo refeitório da empresa

Tribunal suspende leilão da Prado Karton na véspera

Em causa requerimento apresentado por leiloeira concorrente que contesta critérios do leilão. Antiga fábrica do papel de Tomar está insolvente desde Junho de 2017.

O leilão da fábrica Prado Karton – Companhia do Cartão S.A, em Tomar, que estava previsto para a tarde de 5 de Dezembro, foi suspenso pelo Tribunal de Santarém. Em causa está um requerimento apresentado pela leiloeira Domus Legis, que contesta os critérios do leilão promovido pela LeiloSeabra, a empresa que ia proceder à possível venda da fábrica.
O advogado da maioria dos ex-funcionários da Prado Karton, Manuel Carlos, explicou no local onde iria decorrer o leilão – no antigo refeitório da empresa - que o diferendo está relacionado com a percentagem que fica para a leiloeira em caso de venda da fábrica.
“A leiloeira Domus Legis enviou uma proposta onde se mostra disponível para baixar a sua comissão para dois por cento do preço da venda da fábrica enquanto a LeiloSeabra iria cobrar uma comissão de cinco por cento. Esta diferença de três por cento na comissão representará uma poupança, a favor da massa insolvente, de 53.100 euros. É um valor bastante significativo. No entanto, a Domus Legis diz que não recebeu qualquer resposta por parte da massa insolvente e comissão de credores. Eu próprio não tive conhecimento deste documento até hoje”, disse o advogado Manuel Carlos.
Até agora as únicas propostas de compra, a mais elevada no valor de um milhão e 770 mil euros, tinham como objectivo o desmantelamento da fábrica. No entanto, ao que O MIRANTE apurou, existem investidores interessados em adquirir a fábrica e recolocá-la a funcionar. Um dos investidores é português e o outro é espanhol.
Com a decisão do Tribunal de Santarém em suspender o leilão a massa insolvente e a comissão de credores tem dez dias úteis para se pronunciar sobre o requerimento apresentado pela leiloeira Domus Legis.
A fábrica de papel do Prado deixou de laborar a 30 de Junho de 2017 deixando mais de 70 trabalhadores desempregados. Nessa altura, iniciou-se o processo de insolvência da empresa que termina agora com o leilão. A fábrica ocupa uma área de mais de 50 hectares junto ao rio Nabão, tendo uma área coberta de 25.465 metros quadrados.

Ex-trabalhadores expectantes com futuro da antiga fábrica
Na tarde de 5 de Dezembro dezenas de antigos trabalhadores da Prado Karton concentravam-se à entrada da antiga fábrica. Alguns já tinham ouvido falar que o leilão tinha sido suspenso. Outros só ficaram a saber quando chegaram ao local. Rui Correia, 56 anos, trabalhou durante 28 anos na Prado Karton. Depois da fábrica fechar juntou-se com antigos colegas e elaboraram um projecto que defendem que pode viabilizar a empresa. Falta apenas um investidor que acredite. “Do nosso ponto de vista o projecto é viável. Falta-nos alguém interessado, mas tem que ser ligado à indústria para estar por dentro de como funciona esta área”, explicou a O MIRANTE.
Augusto Guia tem 64 anos e trabalhou mais de 47 anos na fábrica do papel. Era o funcionário mais antigo. Confessa que nunca esperou que a fábrica fechasse portas e não escondeu o choque na altura. Diz a O MIRANTE que passa pela empresa quase todos os dias e custa ver aquele espaço fechado. Para António Cardoso, 61 anos, o leilão vai permitir resolver o impasse em que as instalações da fábrica se encontram e reaver o dinheiro que lhes é devido. Depois de trabalhar 31 anos na Prado Karton confessa que o último dia foi muito triste. “Nunca acreditei que alguma vez a fábrica fechasse”, recorda.

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