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31 anos do jornal o Mirante

À pesca de leitores com as novas mamas da actriz

Lhano e desempoado Serafim das Neves

Há dias tive que ir ao Hospital de Abrantes e, só por isso, vivi horas de grande ansiedade e terror. Confesso que até convoquei a família para lhe comunicar as minhas últimas vontades.
Todos me tentaram tranquilizar mas sem sucesso. Depois de semanas e semanas a ouvir dizer que o Serviço Nacional de Saúde estava um caos, que nem aspirinas havia para dar aos doentes e que o êxodo dos médicos e enfermeiros tinha proporções bíblicas, só faltando acrescentar que o atendimento estava a ser feito por auxiliares de limpeza, entrei lá com o ritmo cardíaco extremamente acelerado, o cu apertadinho e a respirar com dificuldade. E não era por causa da unha do dedo do pé encravada que quase não me deixava andar.
Voltei de lá sem unha mas muito, muito desapontado. Aquela gente parece que não lê nem ouve notícias ou, se o faz, não liga nenhuma. Calcula tu que estavam a trabalhar e, para além das monumentais horas de espera para casos não urgentes, como o meu, a indiferença perante a aproximação do fim do mundo era total.
Ainda lhes tentei dizer que as televisões, o bastonário da Ordem dos Médicos, os grandes jornais nacionais e a bastonária da Ordem dos Enfermeiros estavam a anunciar o apocalipse nos hospitais e centros de saúde do Estado e que era melhor fugirmos todos antes de sermos levados na grande enxurrada, mas a única coisa que consegui foi uma pulseirinha de muito urgente para acesso ao serviço de Psiquiatria.
Aqui há uns meses as capas dos jornais e as aberturas dos telejornais gritavam-nos que havia hospitais privados, como o de Vila Franca de Xira, por exemplo, que internavam doentes em refeitórios e casas-de-banho. Agora o vento mudou e o Tsunami da comunicação social está a varrer os hospitais públicos.
Longe vão os tempos em que para ler coisas assim a gente tinha que comprar imprensa especializada como o “Jornal do Incrível”. Agora já não é preciso porque já todos os jornais, revistas e televisões se especializaram em caos, horror, tragédia, conteúdos patrocinados, decotes ousados, publireportagens, assédio sexual ou caos na saúde.
Ir à pesca de leitores usando iscos como as novas mamas de certas actrizes ou as ousadias das ex-namoradas do Ronaldo é uma nova especialidade de publicações online. E a coisa dá resultado. Pelo menos a avaliar por mim. De cada vez que um jornal online ultrapassa meio milhão de cliques eu pimba... torno-me logo assinante. Se há tanta gente a clicar é porque aquilo é mêmo... mêmo... bom.
O que estranho é haver por aí gente capaz de dizer que a imprensa está em crise. Cambada de aldrabões sem vergonha! Basta olhar para os milhares e milhares de entradas no vídeo da Inês Herédia e suas “cenas quentes” ou no da “Cristina Ferreira e o seu anel misterioso no anelar esquerdo” para se ficar a saber que nunca houve tantos consumidores de jornais.
Mesmo aqui em O MIRANTE, só numa semana, o vídeo da mulher que andava em cuecas no Largo do Seminário já foi consultado por mais de setenta mil... leitores, digamos assim. E olha que o rabo da senhora, ao pé de rabos famosos como o da Georgina Rodriguez, por exemplo, fica muitos furos abaixo, salvo seja.
Quando responderes a este e-mail, não te esqueças de me dar sugestões para prendas de Natal. Mas coisas baratinhas, por favor. Acabei de consultar uma notícia pura e dura, sem qualquer indicação de patrocínio, sobre as dez melhores ideias para ofertas natalícias e a mais barata custa quase trezentos euros. Fosca-se!!!
Um bacalhau especial
Manuel Serra d’Aire

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