A Câmara de Abrantes chegou a acordo com a Iniciativas de Abrantes, proprietária do Cine-Teatro São Pedro, para comprar o edifício por 470 mil euros a pagar durante os próximos sete anos. A primeira tranche, de 70 mil euros, será paga quando for feito o contrato de compra e venda, previsto para o início de 2020. Nos restantes seis anos o município pagará à Iniciativas de Abrantes 65 mil euros anualmente.
A informação foi dada pelo presidente do município, Manuel Valamatos (PS), na manhã de segunda-feira, 9 de Dezembro, no átrio do Cine-teatro São Pedro, onde também estiveram presentes José Alberty e José Carreiras, dirigentes da Iniciativas de Abrantes.
O anúncio foi feito depois dos sócios da Iniciativas de Abrantes reunirem no domingo à noite para deliberar sobre a proposta do município. Manuel Valamatos explicou que estiveram várias possibilidades de negócio em cima da mesa mas que a venda do edifício era a mais vantajosa para ambas as partes.
José Alberty referiu que a maioria dos sócios fundadores da Iniciativas de Abrantes - que construíram o Cine-Teatro São Pedro há 70 anos – já faleceram e que também havia interesse em resolver o processo. “Quando há respeito e compreensão por parte de todos os envolvidos e existe vontade de chegar a acordo as coisas fazem-se”, referiu Alberty.
O presidente da Iniciativas de Abrantes, José Carreiras, diz que este é um momento histórico para a cidade e quem lucra com esta decisão são os abrantinos. Carreiras agradeceu a Valamatos por ter proporcionado as condições para que se chegasse a este acordo. “O cine-teatro foi construído para estar ao serviço da população e, para mim, que cresci em Abrantes era uma dor de alma ver este espaço fechado”, confessou.
O presidente da Câmara de Abrantes sublinhou que o edifício precisa de obras num investimento estimado em cerca de dois milhões de euros. Valamatos explicou que vão procurar apoios nos quadros comunitários para começarem com as obras e abrir o espaço o mais rápido possível. “Este é um edifício carismático, de valor, e vamos investir em algo que é do município e da nossa comunidade”, frisou.
Negociações duraram quase dois anos
O Cine-Teatro São Pedro está fechado desde Janeiro de 2018 quando a Câmara de Abrantes ficou sem a gestão do edifício depois de ter terminado o contrato de comodato que tinha assinado, há 19 anos, com a sociedade Iniciativas de Abrantes Lda. A nova gerência da Sociedade Iniciativas de Abrantes Lda decidiu assumir a devolução da titularidade e gestão do imóvel desde 29 de Janeiro de 2018. O município, que na altura era presidido por Maria do Céu Albuquerque, e a Iniciativas de Abrantes nunca se entenderam sobre o negócio.
O actual presidente da câmara, que tomou posse em Fevereiro deste ano, contou que começou a negociar com José Alberty em Maio deste ano e que sempre sentiu vontade por parte da Iniciativas de Abrantes em resolver o processo. Questionado por O MIRANTE sobre se a mudança de presidente tinha sido importante para um desfecho mais rápido do processo, Alberty referiu que tentaram sempre chegar a bom porto.
“Quando a câmara mandou fazer a avaliação do edifício e este foi avaliado em 870 mil euros negociámos com esses valores. Como o município, na altura, não concordou e nos apresentou uma proposta de pouco mais de 200 mil euros, percebemos que havia renitência por parte da autarquia. Ainda assim apresentamos uma proposta de 800 mil euros, abaixo da avaliação, para mostrármos que estávamos abertos a negociar. Percebemos que a determinada altura houve renitência e surgiu o impasse. Com o presidente Manuel Valamatos foi tudo mais rápido”, afirmou.

Antigo mercado vai ser transformado em pavilhão multiusos

Com a aquisição do Cine-teatro São Pedro, o presidente da Câmara de Abrantes confirma que o antigo mercado municipal vai ser transformado num espaço multiusos. “Precisamos muito de um espaço multiusos e na última edição da Feira da Doçaria constatámos isso. Vamos requalificar o antigo mercado municipal sem mexer na traça original do edifício. Abrantes vai ganhar com os vários pontos culturais que estamos a projectar para a cidade”, considerou Valamatos.