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“Um boato colocado nas redes sociais passa a ser uma verdade em pouco tempo”
Paulo Marques confessa que também aprende todos os dias com os seus alunos

“Um boato colocado nas redes sociais passa a ser uma verdade em pouco tempo”

Paulo Marques é professor de Informática e sub-director do Agrupamento de Escolas do Forte da Casa. Tem cinquenta anos e é apaixonado por ficção científica. Em criança sonhava ser astronauta mas o mais próximo que esteve do seu sonho foi quando deu apoio aos serviços do projecto PoSAT-1, o primeiro satélite totalmente português. Paulo Marques critica quem desvaloriza os cursos profissionais e diz que, em geral, os alunos daquela via de ensino saem bem preparados. Afirma que as agências de segurança nacional têm acesso a qualquer tipo de dados guardados nos nossos equipamentos informáticos.

Tive oportunidade de trabalhar no apoio aos serviços do projecto PoSAT-1, o primeiro satélite português. Foi quando estava a concluir a minha licenciatura através de um bolsa de estudo. Estar envolvido nesse projecto foi importante para mim porque, em criança, queria ser astronauta. Fico triste por saber que esse projecto não teve seguimento. O investimento feito em tecnologia portuguesa foi aproveitado para outros projectos, nomeadamente ao nível da NATO. Hoje poderia ser usado no combate aos incêndios, por exemplo.
A ideia de que os alunos dos cursos profissionais são os que menos trabalham é completamente errada. Antigamente as aulas de informática eram apenas introdução às tecnologias. Hoje em dia estamos mais focados na programação, base de dados e redes. Esta nova geração não sabe mais de informática que os professores e temos muitos bons alunos. Os alunos dos cursos profissionais saem muito bem preparados.
Gosto de aprender e muitas vezes aprendo a ensinar. Isso é fantástico. Aprendo sempre muito com os meus alunos. Não costumo proibir o uso de telemóveis nas minhas aulas. Quando precisam podem utilizar mas têm de ser responsabilizados. Eles usam-nos sobretudo para complementar as aulas e fazer pesquisas.
Prefiro Windows ao Mac. Sempre me habituei ao Windows e o Mac é uma ferramenta cara que não está ao alcance de todos os utilizadores e nem sempre tem o software que precisamos para podermos desenvolver. Na área da programação encontro maior facilidade num sistema do que no outro. Mas se pudesse, em casa, teria ambos (risos).
Ainda vamos ter uma grande surpresa com a protecção de dados digitais. As guerras digitais vão ser as guerras do futuro. Muita gente pensa que tem o telefone seguro com um PIN ou uma impressão digital mas isso é insignificante. As agências de segurança nacional têm acesso a qualquer tipo de dispositivo. Embora acredite que há limites de privacidade que não ultrapassam.
As notícias falsas e a manipulação de informação são o lado negro das redes sociais. Lança-se um boato e daqui a umas horas já não é um boato, é uma verdade. Veja-se o bullying, por exemplo, que causa danos irreparáveis. Estamos sempre atentos mas não conseguimos controlar as redes sociais de todos os alunos. Quando um aluno se sente vítima de bullying e nos alerta nós agimos.
Gosto muito de fotografia e foi um gosto que herdei do meu pai. Nas férias gosto de praia e montanha por isso passo 15 dias na praia e 15 dias numa aldeia do interior.
Gosto muito do cheiro da terra molhada. É um gosto simples que me dá prazer. E gosto muito de viajar. Para mim viajar é importante para nos dar vivências. Através do programa Erasmus já visitei a Macedónia, Turquia e Roménia. Foi muito interessante.
Não chumbar os alunos é uma medida errada. Mas pode funcionar se for acompanhada de outras medidas. Se houver acompanhamento personalizado dos alunos, redução do número de alunos por turma e mais tempo para o aluno pensar e recuperar, acho que pode funcionar.
A Póvoa de Santa Iria é uma cidade com bom ambiente e bons serviços mas a minha adaptação não foi fácil. Vivi na zona dos Olivais, em Lisboa, até aos 27 anos e as ruas eram de prédios de três andares com muito espaço verde nas proximidades. Quando vim para a Póvoa uma das coisas que me causou alguma estranheza foi ver torres de dez andares e poucos espaços verdes.

“Um boato colocado nas redes sociais passa a ser uma verdade em pouco tempo”

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