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A «ilusão» da reciclagem na urbanização de A-de-Freire
foto DR

A «ilusão» da reciclagem na urbanização de A-de-Freire

Os “politikos” eram as pessoas que na Grécia antiga se dedicavam ao governo da polis (Estado ou Cidade) colocando o bem comum acima dos interesses individuais. A actual classe política parece, porém, ter-se afastado totalmente deste desiderato, colocando amiúde os seus próprios interesses acima da satisfação das necessidades colectivas.
Mas a responsabilidade não é exclusivamente dos políticos, sendo em larga medida dos cidadãos que tudo delegam e nada questionam. E em determinados momentos somos forçados a agir perante a inércia e o desinteresse de quem nos “governa”, sob pena de só termos o direito de pagar impostos e ir periodicamente às urnas, até que a urna se feche… definitivamente.
Na urbanização A-de-Freire, concelho de Vila Franca de Xira, o espectáculo degradante da foto prolonga-se há diversos anos. Os espaços verdes foram-se transformando em matagais e há mais de 10 anos que existe um contentor de resíduos indiferenciados (vulgo, lixo) com um buraco para os gatos se alimentarem e reproduzirem. No entanto, andam a vender aos nossos filhos a ilusão da reciclagem.
Somos pródigos a criar unidades de cuidados paliativos para a consciência, na vã tentativa de mitigar os crimes ambientais que perpetramos e nos ensombram o futuro. O Município de Vila Franca de Xira criou até um “Manual de Boas Práticas Ambientais”, partilhado no seu site e distribuído nas escolas em papel. Mas de que serve criar manuais se aos cidadãos são negadas as mínimas condições para reciclar? Se os resíduos se acumulam no exterior dos ecopontos? E para chegar a esta conclusão nem precisamos de ler o SIGRE - Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens. É simples: ou o número de ecopontos está deficientemente dimensionado, ou a periodicidade da recolha é insuficiente.
Se já se aventurou a ler as 1.125 páginas de Guerra e Paz de Leo Tólstoi, talvez tenha paciência para devorar as 125 do PERSU 2020. Mas se a leitura não for o seu forte, poderá sempre consultar o mais modesto PAPERSU, publicado pela CMVFX em Maio de 2015. O PAPERSU, é assustador! Se a nível nacional o objectivo era incrementar a reciclagem de 18% para 42% entre 2013 e 2020, a CMVFX definiu como objectivo para o mesmo período um aumento de 8,4% para 11% … quase quatro vezes inferior à meta nacional, um crescimento de uns aterradores 2,6 pontos percentuais em sete anos! A admissão tácita de que 89% de resíduos não reciclados são um bom número… Para os gatos!? Não surpreende, pois, o lixo acumulado nas ruas…
Luís Bento

A «ilusão» da reciclagem na urbanização de A-de-Freire

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