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“As farmácias ainda não ultrapassaram a crise de 2008”
Maria da Conceição realça o saber ouvir como uma das características mais importantes de um farmacêutico

“As farmácias ainda não ultrapassaram a crise de 2008”

Maria da Conceição Correia de Oliveira é administradora da empresa Consultórios Médicos do Jardim, em Almeirim

Tem 55 anos, é natural de Travanca de Lagos, concelho de Oliveira do Hospital, mas Almeirim é a sua terra adoptiva. É casada e tem dois filhos. Em criança queria ser arqueóloga, mas Farmácia foi a sua escolha e não se arrepende, apesar de lhe roubar quase todo o tempo livre.

A minha infância foi vivida entre Almeirim e Oliveira do Hospital. Actualmente, resido em Almeirim, uma terra que gosto muito e tomei como minha casa adoptiva. Quando era criança sonhava ser arqueóloga, o que acabou por não acontecer. Durante a minha vida escolar, percebi que era a área da saúde que queria seguir e formei-me em Farmácia.
Comecei a minha carreira profissional como professora. Dei aulas durante cinco anos. Foi uma experiência de que gostei muito, mas o destino levou-me para outros caminhos. Gostei mesmo muito dessa experiência de dar aulas, mas ser farmacêutica é um desafio muito gratificante, porque gosto de lidar com pessoas e ajudar na resolução dos seus problemas de saúde, dentro daquilo que é a minha área de competência.
Saber escutar é uma das características que os farmacêuticos têm que ter. Filha de um artesão e de uma mãe doméstica que criou cinco filhos, uma das características que adquiri com a minha educação foi saber ouvir. E levei isso para a minha profissão. Por vezes as pessoas chegam à farmácia com vários problemas e depois de as escutar e aconselhar, saem mais calmas e confiantes.
As farmácias atravessam uma época de verdadeira crise. O sector farmacêutico ainda não recuperou da crise de 2008, que se agravou em 2011. A crise das farmácias, tal como de toda a distribuição farmacêutica, prende-se com a alteração de preços e margens que foi imposta ao sector. É um sector muito especializado, com custos fixos elevados. As farmácias continuam a viver sob medidas de austeridade. O serviço público de dispensa de medicamentos comparticipados pelo Estado dá hoje prejuízo à farmácia média.
É urgente adoptar medidas para salvar as farmácias que servem as populações mais frágeis e isoladas. Depois do encerramento em massa de escolas primárias, extensões de centros de saúde, postos dos correios, linhas de comboio e tribunais, corremos o risco de assistir ao fim das farmácias de proximidade, agravando de forma irremediável as desigualdades no acesso à saúde.
Sobre as decisões políticas, penso que a nível local tem sido feito um bom trabalho. No entanto o trânsito na Estrada Nacional 118, que atravessa a cidade de Almeirim, é o principal problema que aponto.
Ler e pintar é a forma como ocupo os poucos tempos livres que tenho. Também gosto muito de fazer desporto, como hidroginástica, que já pratiquei em tempos, mas para a qual não tenho tido muito tempo. “Kafka à Beira Mar”, de Haruki Murakami, foi o último livro que li. Ir ao cinema foi um hábito que perdi e já nem recordo o último filme que fui ver.
Portugal está no cimo das minhas escolhas para passar férias. Viagens, só se forem destinos característicos, como por exemplo Israel. Gosto de ouvir música, mas não tenho um estilo de eleição, gosto de tudo um pouco.

“As farmácias ainda não ultrapassaram a crise de 2008”

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