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Alunos brilhantes preparam futuro nos politécnicos da região
Mafalda Afonso ingressou no curso de Restauro com uma média de 18,8 valores. Miguel Veriato optou pelo Desporto por ser a sua paixão

Alunos brilhantes preparam futuro nos politécnicos da região

Mafalda Afonso e Miguel Veriato são dois alunos excepcionais que frequentam, respectivamente, os Institutos Politécnicos de Tomar e de Santarém. Escolheram a região ribatejana para preparar a entrada no mercado de trabalho e confessam que não podiam estar mais satisfeitos. Em entrevista a O MIRANTE revelam as rotinas que marcam a diferença e sublinham que a paixão pelo conhecimento é o principal ingrediente da aprendizagem.


Numa geração de jovens adultos habituada a ser criticada por querer tudo sem lutar ou esforçar-se para o conseguir, Mafalda Afonso e Miguel Veriato são um bom exemplo de que a regra tem sempre uma excepção. Ambos são alunos brilhantes e ingressaram, este ano lectivo, nos Institutos Politécnicos de Tomar (IPT) e Santarém (IPS). Os dois têm em comum a certeza de que, aparte os que, não se esforçando minimamente, conseguem obter bons resultados, o sucesso será sempre efémero sem trabalho e dedicação.
Mafalda Afonso, natural das Caldas da Rainha, tem 18 anos e frequenta o curso de Conservação e Restauro em Tomar. Enquanto crescia pensava em ser pintora, mas depressa percebeu que o caminho a seguir tinha de ser mais “comum”, num país pouco interessado em aceitar “quem quer ser fora da caixa”.
Ingressou em Tomar com uma média de 18,8 valores, tornando-se na aluna com a pontuação mais alta a entrar este ano no IPT. A O MIRANTE diz que sempre gostou de estudar, mais até do que brincar; no fundo, estudar é como um jogo ou um puzzle, um desafio que tem de superar. Em jeito de brincadeira, Mafalda admite ser o sonho de qualquer pai ou mãe: “Nunca lhes dei chatices, tinham de me obrigar a fechar os livros e os cadernos para ir brincar ou conversar com eles”.
A tranquilidade e as certezas no discurso de Mafalda são o reflexo de uma jovem que sabe o que quer e o que tem de fazer para o conseguir; diz que não há uma poção mágica para se ser bom aluno, mas há rotinas indispensáveis. “A organização é essencial para o sucesso; deve-se chegar a casa e arrumar a matéria pela ordem certa; depois tem de haver curiosidade e vontade de saber mais do que o que nos ensinam; sair da sebenta, como costumo dizer”.
A desmotivação aparece, poucas vezes é certo, mas as suficientes para lhe dar algumas dores de cabeça. É, também, nesses momentos que os bons alunos se distinguem dos menos bons. Mafalda recorda a O MIRANTE a sua primeira negativa e o que sofreu para ultrapassar o choque. “Era um mini teste que nem contava para nota. Fiquei tão frustrada que estive uma semana a chorar. Repeti o exercício mais vinte vezes para me certificar que nunca mais o errava”, esclarece.
A experiência de viver em Tomar, apesar da pandemia, tem sido extraordinária. As tardes de passeio na Mata Nacional dos Sete Montes e Jardim do Mouchão e as visitas ao Convento de Cristo são um factor determinante para as suas futuras intenções. “Vejo-me a trabalhar numa cidade histórica e bela como esta. Há muitos monumentos a precisar de uma ‘mãozinha’ e gostava de ajudar e contribuir para tornar a cidade de Tomar ainda mais bonita”, conclui.

“Escolhi o curso por paixão e não a pensar no emprego”
Miguel Veriato tem 18 anos e frequenta o primeiro ano de curso de Desporto, Natureza e Turismo Activo na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, um pólo do Instituto Politécnico de Santarém. Afirma que escolheu esta área de ensino por paixão e não a pensar no seu futuro no mercado de trabalho. Concluiu o secundário em Faro, de onde é natural, com uma média de 17,3. Amante de desporto desde a infância, é praticante, num nível avançado, de surf e skate. A proximidade com Peniche e Baleal permite-lhe ir, aos fins-de-semana, e quando a maré está favorável, “rasgar umas ondas e desligar do mundo”.
A influência de um amigo conterrâneo, que estuda há dois anos em Rio Maior, foi também um dos motivos para a escolha da cidade do desporto. Actualmente divide casa com mais três rapazes, todos eles de Faro. A adaptação à cidade, diz, tem sido excelente. Os professores reconheceram-lhe capacidades únicas de liderança, o que fez com que tivesse sido eleito delegado de turma. “Funciono como o porta-voz entre alunos e professores. Esta tarefa facilitou a minha integração na comunidade escolar”, diz a O MIRANTE.
Miguel afirma que nunca foi “marrão” e que o sucesso escolar se deve à habilidade para dividir o tempo pelas várias coisas que gosta de fazer: estudar, desporto, família e amigos (sem respeitar a ordem). “Não prescindo de nenhuma destas actividades porque é o seu conjunto que me dá força de vontade para alcançar os meus objectivos. A gestão de prioridades é muito importante, tal como respeitar o lema ‘não deixes para amanhã o que podes fazer hoje’”.
Miguel Veriato é o arquétipo do aluno que o mercado de trabalho habitualmente procura: interessado, divertido, popular entre os seus pares e com vontade de atingir voos mais altos. Por estas razões não hesita quando questionado pelo repórter como se imagina daqui por 10 anos: “Com a minha empresa de desportos aquáticos em Faro. O meu pai alinha nisso e o meu irmão, quando crescer, também pode vir a ser uma grande ajuda. Se conseguir alcançar esse objectivo é um passo gigante para concretizar o sonho de ganhar a vida a fazer aquilo que mais amo”, declara.

Rita Anastácio

O desafio da aprendizagem também implica formar bons cidadãos

Rita Anastácio é professora no Instituto Politécnico de Tomar há duas dezenas de anos. Recentemente assumiu o cargo de pró-presidente para a área da divulgação. A docente acompanhou toda a entrevista, realizada por videoconferência, de O MIRANTE com Mafalda Afonso, tal como a responsável pela comunicação do IPT, Tânia Matos.
No final, Rita Anastácio, visivelmente emocionada, admitiu estar de “coração cheio” por ter ouvido o testemunho de Mafalda que revelou ser uma menina inteligente, com um grande aproveitamento escolar, mas, sobretudo, demonstrou ser boa pessoa. “Revi-me muito na Mafalda porque, tal como ela, sempre quis saber mais do que o óbvio. Hoje, como professora, o grande desafio é trabalhar com quem não pensa desta forma; é pegar num aluno com mais dificuldades, e menos vontade de aprender, e transformá-lo em melhor aluno e, acima de tudo, num bom cidadão.
Existem cerca de 2.300 alunos inscritos no IPT. Embora todos sejam acarinhados por igual, Rita Anastácio não tem problemas em reconhecer o orgulho em ter alunos com médias superiores. “Tenho pena, e fico triste, que as pessoas pensem que somos pequeninos só porque não estamos nos grandes centros. Os alunos excelentes não estão apenas em Lisboa, Coimbra ou Porto, também vêm para Tomar”, salienta.

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