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Não há vírus que impeça o cortejo real da Ascensão

Contagiante Manuel Serra d’Aire

O Covid-19, novo coronavírus ou vírus da China, como é conhecida a epidemia que por aí anda a sobressaltar meio mundo e a monopolizar os telejornais ao ponto de o futebol ter sido relegado para segundo plano (o que só por si já é uma tragédia), está a obrigar a alterar hábitos comportamentais. Pessoas como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, que distribuem bacalhaus e beijocas por tudo o que mexe em seu redor, vêem-se agora obrigados a conter os seus ímpetos afectivos em nome da saúde pública.
A epidemia está a ter repercussões nos mais variados sectores. Grandes competições desportivas correm o risco de ser canceladas, há jogos de futebol à porta fechada, as viagens de finalistas podem ser adiadas e, pior do que tudo isso, as Queimas das Fitas podem estar em causa. É o horror, o drama, a tragédia em dimensões albarranísticas. Também os bailaricos, os espectáculos de folclore e outras actividades de contacto físico moderado ou forte, como as orgias, podem estar em risco. E não será desaconselhável os forcados andarem todos engalfinhados em cima do touro durante as pegas?
Nem quero pensar no que seria este nosso Ribatejo sem as festas emblemáticas que lhe dão alma e fama por causa de uma coisa microscópica. Por exemplo, é inimaginável a Chamusca sem a Semana da Ascensão. Um ano sem ver o presidente da câmara e a sua vice a desfilarem de charrete pelas ruas da vila seria suplício atroz para o povo chamusquense e para o seu querido líder. Sem os toiros, sem a música e sem as bebedeiras a malta ainda se aguentaria, mas esse momento do cortejo real é o que faz o povo ter plena consciência da sorte e da subida honra que é ter um soberano desse calibre. O poder precisa de se mostrar em todo o seu esplendor para se afirmar e ser respeitado e, na Chamusca, a Ascensão é a missa anual em que essa fé se renova. E contra os desígnios divinos não há vírus que resista, nem que vá tudo de máscara...
Outro assunto que tem dado que falar é o do fedorento aterro de Azambuja, que foi construído sem estudo de impacte ambiental. O que se entende perfeitamente. Basta ver o que tem acontecido com a saga do novo aeroporto de Lisboa. Não há estudo de impacte ambiental que escape às críticas e contestação, seja de ecologistas, de partidos de oposição ou de moradores. Por isso, quando se quer fazer obra, e depressa, o melhor mesmo é esquecer esse pequeno detalhe e mandar avançar as máquinas. A passarada e outra fauna, que não é estúpida, há-de arranjar maneira de se adaptar ou arranjar outro poiso.
No meio dessa novela do aterro houve outro episódio caricato. Uns autarcas de Azambuja, armados em mirones, foram importunar os motoristas dos camiões que se encontravam estacionados à porta do aterro numa noite de fim-de-semana. Os homens do volante não devem ter gostado de ver o sono perturbado e decidiram correr com os autarcas à pedrada. Tratou-se de uma grave escalada no conflito, que já passou das palavras aos actos, embora ainda só esteja na idade da pedra...
Cumprimentos à distância do
Serafim das Neves

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