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Seguradoras, bancos, telecomunicações, partidos políticos é tudo a mesma coisa


Uma voz jovial, que consegue ser jovial porque apesar de ganhar pouco ainda não arranjou melhor, pergunta-me se estou satisfeito com o serviço que me está a ser fornecido pela empresa tal e coisas. Respondo que não estou satisfeito e não entro em pormenores. Mesmo assim, ou por causa disso, a voz jovial vai-me propor um novo serviço ou a melhoria do que tenho, com uma refidelização por mais dois anos que é omitida. Se concordar, irei ficar muito satisfeito.
Não estou satisfeito com a velocidade da internet mas não reclamo porque quem me atende não quer saber do meu problema, centrando-se apenas em explicar-me que a culpa é minha ou de situações que estavam indicadas numas letrinhas do contrato e que podem ser tão fantásticas como haver muitos clientes a ligarem-se à net ao mesmo tempo.
Provavelmente temos que fazer como a minha avó lá na aldeia, que acordava com outros vizinhos à hora a que cada um tinha que regar a horta com a água que vinha de um pequeno curso de água. Também não mudo de operadora porque, para mim, que já passei por quase todas, elas são iguais. E a lei protege-as sempre e cada vez mais, por muita propaganda que façam os deputados amigos do povo. Vejam o que se passou com o anunciado fim da fidelização. Agora a lei permite que eu não me fidelize, desde que pague o dobro do que pago se me fidelizar. Não dá vontade de rir porque é demasiado desanimador.
Não estou satisfeito com o meu banco, nem com a minha seguradora mas não reclamo, nem mudo. Estão todos a fazer o que fazem porque a lei lhes permite e não quero mudar as leis porque cada vez que os deputados o fazem fica lá sempre um alçapão que permite novas soluções ainda mais gravosas para os clientes.
Não estou satisfeito com nenhum partido político nem sequer com os novos, de deputado único ou com os deputados sem partido. Massacram-me com casamentos de homossexuais, castrações químicas, eutanásia, gaivotas do Montijo e aumentos de cêntimos nas pensões mais baixinhas mas mantém o IVA da energia nos 23% que é o IVA do champanhe francês ou de outros produtos de luxo.
Por vezes, cansado de tanto sonhar com coisas impossíveis, dou por mim a cantar a canção “Epígrafe para a Arte de Furtar”, do Zeca Afonso, que tem uma letra escrita, no Brasil, em 1962, por Jorge de Sena, um português que, de tanto ser roubado, viveu toda a vida no exílio.
“Roubam-me Deus/Roubam-me o Diabo/ Quem cantarei?/ Roubam-me a Pátria e a humanidade/ Outros ma roubam/ Quem cantarei?/ Roubam-me a voz/ Quando me calo/ Ou o silêncio/ Mesmo se falo/ Aqui d’El Rei”
Fernando de Carvalho

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