Mais de metade das famílias portuguesas vivenciam situações de violência doméstica
Dia 7 de Março assinalou-se o Dia de Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica
Mais de metade das famílias portuguesas vivenciam, ou já vivenciaram, situações de violência doméstica, um flagelo que atinge uma em cada três mulheres. Os dados foram revelados por Elisabete Brasil, presidente da direcção da FEM (Feministas Em Movimento), durante uma sessão que decorreu na Biblioteca Municipal de Alcanena, na tarde de sexta-feira, 6 de Março.
O objectivo da sessão foi debater a violência no namoro de modo a recordar o Dia de Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica que se assinalou no sábado, 7 de Março.
No encontro estiveram alunos de duas turmas de 10º e 11º ano do Agrupamento de Escolas de Alcanena. Os jovens não se sentiram à vontade para falar sobre o assunto em público mas uma das alunas admitiu já ter presenciado situações de violência no namoro com um casal amigo sobretudo violência verbal e manipulação.
Segundo dados apresentados por Elisabete Brasil 38,1% das mulheres são vítimas de violência doméstica na intimidade. Também há casos de violência sobre homens mas os números são muito mais baixos. Entre 8 a 10% dos homens sofre de violência doméstica, embora em alguns casos a violência seja em relações entre dois homens.
Quanto à violência no namoro uma das situações mais comum é a divulgação, após o fim do namoro, de cenas íntimas filmadas com telemóvel durante a relação. Há também namorados que tentam controlar o modo de vestir das suas namoradas e ultimamente têm acontecido alguns casos de perseguição, que acontecem por insegurança dos jovens.
A sessão teve também, a partir de certa altura, a participação de cerca de uma dezena de alunas da Academia Sénior de Alcanena e algumas confessaram que a violência doméstica era considerada normal há quarenta e mais anos.
Maria da Conceição recorda que a sua mãe foi vítima de violência doméstica por parte do marido durante anos. Também Maria Júlia lembra que o seu pai batia com frequência nos filhos. “Tínhamos que ficar com nódoas negras. Parecia que era importante sermos marcadas para não nos esquecermos”, afirmou.
Elisabete Brasil explica que nem sempre é fácil sair de uma relação violenta. Normalmente as vítimas já vivenciaram situações similares na sua família e consideram um comportamento normal.
Também há muitos casos de jovens com falta de auto-estima que têm dificuldade em sair de relações abusivas. “Há muitas mulheres que acreditam que conseguem dar o melhor aos filhos se viverem com os maridos por isso aguentam até eles serem independentes. Acontece muitas vezes separarem-se quando os filhos já são adultos”, sublinha.