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Este ano o Dia do Pai vai ser diferente para muitas famílias

O Dia do Pai vai ser diferente para muitos homens que, pela primeira vez, vão passar o tempo em casa a trabalhar e a cuidar dos filhos, fechados devido à pandemia do coronavírus. Mário Fróis, de Rio Maior, e Igor Novello, de Benavente, são dois exemplos de pais a toda a prova. Ter filhos transformou-lhes a vida e mudou-lhes as prioridades, tal como está a fazer agora a ameaça do Covid-19. Mas o impacto é positivo, garantem.

Mário Fróis a fazer o almoço com os filhos Vicente e as gémeas Madalena e Matilde

Pais deviam ter direito a mais tempo de licença de paternidade

Mário Fróis partilha todas as tarefas parentais com a esposa e sempre deu banho, trocou fraldas e deu biberon aos três filhos.

Mário Fróis esteve a trabalhar durante a manhã e chegou a casa onde prepara a sopa para o almoço e que vai servir também para o resto da semana. A seu lado tem os filhos Vicente (7 anos) e as gémeas Matilde e Madalena (6 anos) que ajudam na confecção da comida. O mais velho já ajuda a cortar as batatas. Mário, 40 anos, é empresário agrícola e trabalha com a esposa, Patrícia, na mesma empresa. Agora que os filhos estão em casa - devido à pandemia do Covid-19 que encerrou as escolas em todo o país – o casal, que vive em Alfouvés, concelho de Rio Maior, tem que se revesar para as crianças não ficarem sozinhas. O que para Mário não é nenhum problema. Está habituado desde que os filhos nasceram a cuidar deles.
Antes de trabalhar na área da produção animal foi técnico de farmácia e foram muitas as vezes que levou os filhos ao médico quando estavam doentes. O empresário diz a O MIRANTE que não ajuda a esposa. Ambos dividem todas as tarefas e se há alguma coisa para fazer em casa fazem, não ficam à espera que o outro chegue a casa para fazer. O empresário tirou o máximo da licença de paternidade a que teve direito e defende que os pais deveriam ter mais tempo para estar com os filhos nos primeiros meses de vida. “A tarefa de cuidar dos filhos deve ser de ambos. As crianças também precisam de sentir o pai por perto”, afirma.
Quando as gémeas nasceram, Mário e Patrícia colocaram um berço em cada lado da cama. O pai ficou responsável por cuidar de Matilde e a mãe de Madalena. Mudou fraldas, deu biberon e banhos. Tudo o que é preciso fazer para cuidar de um filho Mário sabe fazer e fê-lo com todo o amor. “Era impossível ser só um a tratar de duas bebés porque no dia seguinte tínhamos que trabalhar. Tivemos que dividir o trabalho senão a mãe ficava exausta”, sublinha.
Mário Fróis considera que o Dia do Pai é muito importante para estarem em família e sabe que vai receber presentes feitos pelos filhos que, confessa, são muito criativos. No entanto, para si, Dia do Pai é todos os dias e o mais importante é estarem juntos. “Uma coisa boa de todo este problema do coronavírus, que me preocupa bastante, é que temos mais tempo para estarmos em família. Desfrutamos mais dos nossos filhos. Queixamo-nos que andamos sempre a correr e não temos tempo para nada. Esta paragem faz-nos ter tempo para a família”, considera.
Apesar de estarem em casa Vicente, Matilde e Madalena não estão de férias. A família estabeleceu um plano em que existe horário para acordar, para tomar o pequeno-almoço, arrumarem a casa e fazer trabalhos de casa. “Têm que manter o ritmo a que estavam habituados e têm que perceber que não estão de férias. É quase regime de tropa”, brinca o pai sob o olhar atento dos filhos, que fazem desenhos em cima da mesa junto à janela, onde bate o sol. Também têm playstation, tablet e televisão mas brincam entre si e não ligam muito às novas tecnologias.
Durante a tarde saem de casa para tratar das galinhas, dos patos, dos cães, dos gatos e da horta, pela qual estiveram responsáveis esta semana. Em casa da família Fróis a comida é quase toda da horta e, ao contrário da maioria das crianças, Vicente, Madalena e Matilde gostam de comer legumes. “São eles que plantam os legumes, regam, vêem crescer e no fim colhem. Julgo que têm outro sabor para eles”, refere o empresário. Mário confessa que as prioridades na sua vida mudaram depois de ter sido pai. Tudo passou a funcionar em função dos filhos e garante que a vida não faz sentido sem eles.

Igor Novello e o filho, Lorenzo, vão este ano passar um Dia do Pai diferente

A felicidade de celebrar o Dia do Pai em casa com o filho

Por estes dias Igor Novello é cozinheiro, professor, amigo, pai e companheiro de aventuras do pequeno Lorenzo. Nas histórias que conta ao filho diz-lhe que anda um monstro mau na rua.

Ficar em casa a trabalhar e a tomar conta dos filhos nestes dias de isolamento forçado por causa da pandemia do coronavírus é também uma oportunidade para os pais conviverem de perto com os filhos, darem-lhes mais carinho e partilharem algumas brincadeiras. Nem tudo é mau e o importante é manter o espírito positivo, especialmente na semana em que se celebra o Dia do Pai. Quem o diz é Igor Novello, 30 anos, jornalista numa rádio de Benavente que por estes dias teve de trocar os estúdios pelo sofá da sala e pelo escritório onde despacha trabalho.
A mulher trabalha no suporte técnico dos CTT e não conseguiu ficar com o filho de ambos, Lorenzo, de três anos, por isso a escolha natural acabou por recair no pai. “Foi complicado planear como fazíamos. O fim-de-semana foi um teste e já deu para perceber como vou fazer as coisas”, conta a O MIRANTE.
Para Lorenzo, estar com o pai ou a mãe é igual. Mas neste caso é Igor que toma as rédeas de tudo lá por casa: é o cozinheiro, professor, amigo, pai e companheiro de aventuras. Está a ser um curso intensivo de paternidade. “O mais difícil é ficar em casa, ele quer ir passear mas não podemos. Tivemos de criar uma história para lhe contar para ele não querer ir. Dissemos que há um monstro na rua e que ele é mau e nos apanha se sairmos, por isso temos de ficar protegidos”, sorri. Em contrapartida têm sido feitas muitas brincadeiras em conjunto, excepto na hora dos desenhos animados, quando Igor precisa de ir cozinhar e não pode ficar tão atento ao filho.
“A televisão e os desenhos animados nestas idades são um bom aliado”, confessa. Este vai ser um Dia do Pai muito diferente do habitual. Igor tem criado actividades e rotinas para manter Lorenzo ocupado, seja a tomar banho e vestir logo de manhã como se fosse para a rua, seja mantendo horas para brincar e aprender. “Vou aproveitar para lhe mostrar a importância de ser pai e a importância que ele, enquanto filho, tem para mim”, confessa.
Igor e a mulher, Tathiana, são do Rio de Janeiro mas já residem em Portugal há vários anos e estão totalmente inseridos na comunidade local. Quando Lorenzo nasceu foi “uma surpresa” que acabou por vir numa altura triste da vida de Igor. “Tinha acabado de perder o meu avô, que era muito importante para mim e sentia um vazio na minha vida. O nascimento do Lorenzo foi uma boa surpresa”, confessa. Ainda assim, avisa, quem quer ser pai deve pensar mil vezes: “Tem um impacto muito positivo mas a vida muda por completo, passamos a ter novas responsabilidades e uma pessoa que depende de nós para sobreviver”.
Lorenzo está a começar a falar e para o pai isso é “um sentimento fantástico”. Este ano passar o Dia do Pai em casa com o filho vai ser “especial e diferente”, diz Igor, que espera conseguir programar algo alternativo para fazer em casa nesse dia. “O que espero é que se consiga dar a volta a esta pandemia e que as coisas voltem rapidamente ao normal”, conclui.

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