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Na Fábrica das Palavras em VFX não há limites para a imaginação
A sala de leitura do piso quatro da Fábrica das Palavras é das mais procuradas pelos estudantes

Na Fábrica das Palavras em VFX não há limites para a imaginação

A Fábrica das Palavras, à beira Tejo, em Vila Franca de Xira, é o lugar perfeito para procurar um livro ou passar uma tarde a estudar. O MIRANTE fez uma visita guiada ao espaço que recebe cerca de 130 mil visitas por ano e onde estão disponíveis ao público mais de 85 mil documentos entre livros e CD’s.

A Fábrica das Palavras, biblioteca municipal de Vila Franca de Xira, que foi em tempos uma fábrica de descasque de arroz, abriu portas em 2014. Junta no mesmo edifício a recordação de um modo de vida passado e de um futuro que expressa a riqueza do universo das palavras e dos sons.
É quarta-feira e estamos no piso 1 da biblioteca. Os mais jovens estudam, de olhos postos no rio; os mais velhos lêem os jornais e comentam as últimas novidades, provavelmente sobre a epidemia do coronavírus.
Qualquer pessoa que passe junto do edifício ou o aviste ao longe não fica indiferente à sua imponência e à sua arquitectura arrojada. Custou perto de seis milhões de euros e é obra do arquitecto Miguel Arruda. A prova de que o investimento cultural é uma das maiores apostas ganhas dos executivos socialistas dos últimos anos são os cerca de 130 mil visitantes registados durante o ano de 2019, que representam uma média de cerca de 400 entradas por dia.
Nos últimos dois anos os números aumentaram em perto de sete mil visitas. No entanto “há pessoas que entram apenas para ir à casa-de-banho, beber café, ou circular pelos corredores como se estivessem num museu, mas isso não quer dizer que no outro dia não estejam lá com outros objectivos”. A explicação foi dada por Isabel Santos, técnica da câmara municipal de Vila Franca de Xira, que acompanhou o repórter de O MIRANTE durante a visita.
Existem cerca de 85 mil documentos disponíveis na Fábrica das Palavras, divididos entre livros, CD’s, DVD’s, jornais e revistas. Toda a consulta, no local ou por empréstimo, é gratuita. Quem optar por levar o material para casa tem 15 dias para devolver, caso contrário tem de pagar uma multa, embora simbólica. Mas até neste capítulo quem trabalha na Fábrica tem indicações para ser tolerante se o utente tiver uma boa justificação. “Estamos a trabalhar em prol das pessoas do concelho e não para ganhar dinheiro com as pessoas”, explica Isabel Santos. Em 2019 foram feitos cerca de 14 mil empréstimos na sua grande maioria livros.
Os sete pisos que formam o edifício tiveram de ser galgados pelas escadas porque os elevadores não inspiravam confiança naquele dia. Uma situação pontual explicada pela responsável pela biblioteca. A maior paragem da visita foi no segundo piso, dedicado às crianças e aos adolescentes, onde, para além dos habituais espaços de leitura, estão disponíveis zonas de expressão plástica, ateliês, salas de conto e uma bebéteca, que todos os fins-de-semana enche com as famílias do concelho. “Queremos que as famílias se juntem, conversem, partilhem experiências e hábitos de vida. Queremos, no fundo, ser um espaço de convívio entre gerações”, afirma Isabel Santos. A literatura pré-escolar, infantil e juvenil representa cerca de 19% dos empréstimos efectuados em 2019.
O terceiro piso é para os amantes da música e do cinema, mas é no quarto piso, o último a que o público geral tem acesso, que o jornalista encontra mais movimento. É ali que estão os grandes clássicos da literatura estrangeira como Shakespeare, Cervantes ou Dostoievski; onde estão os grandes escritores da literatura portuguesa como José Saramago, Eça de Queirós ou Miguel Sousa Tavares; mas também é ali que estão os autores que fazem parte da história do concelho de Vila Franca de Xira, e que ainda hoje continuam a ser procurados e estudados, como são o caso de Alves Redol, Álvaro Guerra, Soeiro Pereira Gomes, ou Arquimedes da Silva Santos.
No catálogo da Fábrica das Palavras estão 1.176 escritores portugueses, num universo de mais de 75 mil livros, fora os muitos milhares que estão em depósito por estarem estragados ou não constituírem opção por parte dos responsáveis da biblioteca. “É preciso fazer uma grande ginástica para manter a biblioteca actualizada, porque é preciso gastar dinheiro”, explica Isabel Santos. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, no ano de 2019, gastou cerca de 41 mil euros em fundos documentais e periódicos, e o investimento é para manter. “Vamos continuar a promover a herança cultural local e nacional. Essa é a nossa missão”, sublinha Isabel Santos.

foto DR Isabel Santos é coordenadora das bibliotecas municipais de VFX

Um município que aposta na literatura

Existem cinco bibliotecas municipais espalhadas pelo concelho de Vila Franca de Xira: Alverca, Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa, Vialonga e VFX. Juntam-se ainda uma Sala de Leitura no Centro Cultural do Bom Sucesso, e um projecto chamado Bibliomóvel que leva às escolas e localidades do concelho um serviço de literatura ambulante para as pessoas que vivem mais isoladas. “Somos um município que quer criar e fortalecer hábitos de leitura, ao mesmo tempo que pretende estimular a imaginação e a criatividade na população do nosso concelho”, refere Isabel Santos.
Trabalham cerca de 40 pessoas na rede de bibliotecas e arquivo municipal. Grande parte tem o curso superior de Bibioteconomia e Documentação. Isabel Santos, natural de Vila Franca de Xira, é licenciada em História com uma pós-graduação em Biblioteconomia e Documentação, e trabalha como coordenadora nas bibliotecas municipais do concelho há cerca de 30 anos.

Os livros mais lidos em 2019

Em 2019 o livro de ficção mais lido na Fábrica das Palavras foi “Outlander” de Diana Gabaldon, seguido de “A amiga genial” de Elena Ferrante e “After” de Anna Todd. O primeiro português em todas as áreas é Miguel Sousa Tavares com o livro “Cebola crua com sal e broa”, seguido de Ricardo Araújo Pereira com “Estar vivo aleija” e José Riço Direitinho com o romance erótico “O Escuro que te ilumina”.
Na área da não ficção o mais lido foi “A dieta do paleolítico” de Lauren Cordain, seguido das “12 regras para a vida” de Jordan Peterson e “As 5 cores da cozinha saudável”, de Vânia Ribeiro.
Os autores mais lidos naturais do concelho de VFX foram Alves Redol, Álvaro Guerra, Soeiro Pereira Gomes, Arquimedes da Silva Santos, Ana Cristina Silva e Maria João Cantinho. Só estas duas últimas escritoras é que pertencem ao mundo dos vivos e estão nesta altura a lançar livros conjuntamente (sessões de lançamento adiadas por causa da pandemia do coronavírus).

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