Padre da Golegã diz que não tem cão mas vai rezar pelo presidente da câmara
Pároco Pedro Marques responde à letra a Veiga Maltez que mandou os cristãos maledicentes rezar e catar pulgas aos cães, dizendo que não tem cão mas vai rezar pelo autarca.
O padre da Golegã não percebe as razões do presidente da câmara para atacar os católicos, considerando as palavras de Veiga Maltez, que falou em cristãos maledicentes, que o bom de fecharem as igrejas é não encontrar os cristãos à saída das missas a praticarem a maledicência. O autarca mandou os cristãos que “não refreiam a língua” rezarem e catarem pulgas ao cão, se o tiverem. Pedro Marques diz que Maltez é que está a fazer aquilo que condenou no seu texto e pergunta se não se apercebe que as suas palavras são um “exercício de maledicência gratuita e completamente deslocada face à situação que vivemos”. O pároco responde ainda à provocação do presidente dizendo que não tem cão para catar pulgas, mas que vai rezar pelo autarca.
Para o padre vivemos num Estado laico e isso deve ser também condição para não insultar ou desonrar os fiéis, sejam de que religião forem. Pedro Marques presume que Veiga Maltez deve estar aborrecido com alguns comentários nas redes sociais e “resolveu generalizar”, admitindo que ficou magoado e ofendido com as palavras do autarca. Até porque, sublinha, a última vez que esteve com o autarca foi numa reunião na câmara e foi muito bem recebido. O pároco acredita que as relações entre as duas instituições não ficam abaladas e que ambos saberão ultrapassar esta situação.
O vigário-geral da Diocese de Santarém considera que o texto do autarca não é uma ofensa mas sim uma ignorância da realidade de quem comete o “atrevimento” de julgar os outros pelo que vê na comunicação social ou nas redes sociais. O padre Aníbal Vieira refere-se ao facto de o presidente da câmara ter criticado a passividade da igreja na ajuda ao combate da pandemia do coronavírus, salientando que antes de o autarca ter publicado o texto na sua página do Facebook, já o Bispo de Santarém tinha disponibilizado apoio e cedência de instalações.
Recorde-se que o autarca disse que a Igreja Católica só fechou as igrejas porque foi mandada, realçando que isso teve a vantagem de “interromper, para muitos, o ‘social event’ dos domingos. Assim, escuso de ver à saída muitos dos ‘cretinos’, que do ‘templo’ saem para no primeiro minuto, logo, entre eles praticarem a maledicência. Talvez, muitos não imaginem que ‘Cretino’, vem de (Chrétien), Cristão... os tais “simples e inocentes ou insensatos absortos na contemplação celestial”. Salientou ainda que as pessoas “não são o que falam mas sim o que fazem”. E sobre os comentadores das redes sociais, disse que “pior que a doença Covid-19 é o prazer doentio em desconstruir a imagem do Governo de Portugal e da Direcção-Geral de Saúde”, atribuindo isso “à falta de humildade” e que os comentários dessas pessoas “não passam de auto-exaltação”.