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Só há delegados de saúde para metade da população

No distrito de Santarém se os delegados de saúde já não chegavam para as encomendas, agora com a Covid-19 andam numa correria porque faltam pelo menos onze profissionais e quatro coordenadores.

Os delegados de saúde já não chegavam para as tarefas programadas ou com prazos apertados. Agora, com a pandemia, num corrupio de um lado para o outro a identificar e a aplicar medidas nos locais, como empresas, onde surgem casos de Covid-19, a situação torna-se insuportável para os profissionais que exercem a autoridade do Estado. E quem sofre é a população, como aconteceu no caso recente em Santarém em que o corpo do ex-comandante da Escola Prática de Cavalaria, Taxa Araújo, esteve um dia inteiro no chão, na via pública, para ser retirado. Os números não enganam. Há nove delegados de saúde pública no distrito de Santarém, menos de metade do que está estipulado legalmente.
Os nove médicos de saúde pública servem uma população de cerca de quatrocentos mil habitantes. Quatro estão na área do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria do Tejo, que abrange nove concelhos, já que Benavente pertence à área do Estuário do Tejo, em conjunto com Vila Franca de Xira. No Médio Tejo há cinco delegados de saúde para onze concelhos. A situação obriga a que os profissionais tenham de se desdobrar. O de Santarém faz também as zonas de Rio Maior, Cartaxo e Coruche, por exemplo.
Está determinado que tem de haver um delegado de saúde para cada vinte mil habitantes e que por cada 50 mil pessoas abrangidas deve existir um coordenador. Se não contarmos os coordenadores devia existir uma equipa de vinte delegados de saúde no distrito. Com os chefes seriam 24. A falta de profissionais não é porque não sejam abertos concursos para os lugares e nisso o Governo lava as mãos. Mas os médicos não concorrem para esta área porque a carreira não é motivadora. Basta perceber que enquanto autoridade de saúde têm de estar disponíveis a qualquer hora e têm de trabalhar fora de horas, sem ganhar horas extraordinárias e muitas vezes usando os seus próprios meios para se deslocar.
Um delegado de saúde verifica as condições para que pessoas com limitações e motoristas de pesados possam conduzir. Tem ainda de fazer vistorias de grandes projectos de construção e também verificações a lares de idosos. Só por aqui o tempo do profissional já é escasso. Cada vez que surge um caso de doença contagiosa, como a tuberculose, como está a acontecer em Almeirim onde foi detectado um caso, o médico tem de fazer estudos epidemiológicos, relatórios, listas de possíveis infectados, coordenar as despistagens, determinar medidas e coordená-las com as forças de segurança.
Agora com a Covid-19 os delegados de saúde estão praticamente dedicados ao combate à doença e com o aumento do número de casos não têm tempo nem para se coçarem.

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