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Vítimas da legionella devem ter maiores cuidados com a Covid-19
Paula Rosa é directora do serviço de pneumologia do Hospital Vila Franca de Xira

Vítimas da legionella devem ter maiores cuidados com a Covid-19

No concelho de Vila Franca de Xira há 400 pessoas mais vulneráveis à infecção por Covid-19 depois de já terem sido vítimas do surto de legionella, que deixou doenças pulmonares crónicas.

As quatro centenas de pessoas que em 2014 foram vítimas do surto de legionella em Vila Franca de Xira e que ficaram com sequelas pulmonares devem estar particularmente atentas e ter cuidados redobrados nesta fase de pandemia por coronavírus. Ter sido portador da bactéria legionella não aumenta, por si só, o risco de contrair a Covid-19, mas sim os factores de risco que a legionella provocou, como doenças cardíacas ou respiratórias crónicas, como o enfisema.
Paula Rosa, directora do serviço de pneumologia do Hospital Vila Franca de Xira, tranquiliza a comunidade garantindo que os riscos de contágio não são maiores entre os doentes de legionella. Mas adverte que as doenças crónicas associadas são motivo para ter cuidados acrescidos. “A incidência de legionella foi significativamente maior em fumadores do que em não fumadores. Isso mesmo se tem verificado na Covid-19. A Organização Mundial de Saúde adverte que fumar aumenta o risco de transmissão pelo contacto dos dedos e do cigarro potencialmente contaminado com a boca”, explica a O MIRANTE.
As vítimas da legionella, à semelhança de todas as outras pessoas, devem manter o isolamento social e se possível parar de fumar. “Devem também tratar correctamente a sua doença crónica”, explica.
Paula Rosa nota que o novo coronavírus tem sido um desafio permanente que obriga a utilizar de forma muito acelerada todos os conhecimentos que existem. “O desconhecimento da evolução desta pandemia em Portugal, e nesta região em particular, acrescenta ainda uma incerteza sobre a eficácia das medidas que vamos instituindo. Tudo isto obriga a uma plasticidade nos procedimentos implementados, o que acaba por ser um desafio diário”, refere. A médica acredita que o isolamento social é “seguramente o mais importante” para travar a evolução do contágio nesta fase.

“Temos saído à rua com o dobro do medo”
Nuno Silva, presidente da Associação de Apoio às Vítimas da Legionella (AAVL) confessa a O MIRANTE que os últimos dias têm sido de cuidados redobrados. Muita gente tem ligado à associação a esclarecer dúvidas sobre a actual situação. “Nesta fase quem não tiver mesmo de trabalhar deve evitar sair. Somos um grupo de elevado risco e as pessoas não devem facilitar. Andamos a sair à rua com o dobro do medo”, confessa.
Nuno ficou com um enfisema pulmonar para a vida por causa da legionella e por isso diz que nesta altura os cuidados devem ser redobrados. “Para quem já está debilitado do sistema respiratório, como nós, estes tempos são muito assustadores”, lamenta. Financeiramente a situação também não é fácil, já que muitas vítimas deviam estar em casa mas como precisam do emprego continuam a trabalhar e a arriscar. “Felizmente até agora nenhum dos nossos associados está doente mas estamos a acompanhar a situação”, conclui.

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