O presidente da Câmara da Golegã voltou a surpreender ao proibir a entrada no seu concelho a forasteiros, salvo em casos excepcionais e devidamente justificados. E fê-lo colocando nos principais acessos painéis com o sinal de trânsito proibido e a inscrição das excepções previstas.
A ideia, teoricamente para impedir a circulação no concelho de pessoas que possam levar o coronavírus para um território onde apenas há dois casos registados, colheu forte apoio de muitos munícipes nas redes sociais, mas motivou também interrogações na cabeça de muitos outros. Desde logo porque aquela sinalização não terá validade legal nem se sabe quem a vai fiscalizar.
Depois, porque um autarca não tem competência para estabelecer uma espécie de cordão sanitário no seu território, e muito menos sem qualquer articulação, presumo, com as autoridades de saúde, entre outras. E em terceiro lugar porque a medida é manifestamente inócua e um completo disparate.
Porque se o autarca da Golegã, que até é médico, queria estabelecer um cordão sanitário no seu imaculado concelho devia ter feito o trabalho todo e proibir os seus munícipes de se deslocarem para fora do município, para ir trabalhar, às compras ou ao hospital, por exemplo. E serão muitos os goleganenses que o farão diariamente, podendo portanto, no regresso, trazer o vírus na bagagem. A não ser que sejam todos testados e desinfectados à chegada…
Resta portanto a faceta humorística desta medida populista, que sempre dá para atenuar o tédio nestes dias de chumbo em que nem o São Pedro tem ajudado.
Ernesto Folgosinho