As autoridades estão a investigar a troca de corpos na morgue do Hospital de Santarém. Manuel Nobre, de Várzea Fresca, Salvaterra de Magos, infectado com Covid-19, foi sepultado no lugar de Maria Eugénia Oliveira, em São José da Lamarosa, Coruche. O proprietário da Agência Funerária Jacinto, que sepultou erradamente o corpo de Manuel, de 73 anos, nega responsabilidades na situação. Jacinto Joaquim garante que o funcionário da agência recebeu apenas o corpo que lhe entregaram. Salienta ainda que devido à pandemia os mortos estão dentro de sacos fechados, identificados com etiquetas. O hospital refere que os corpos estavam “devidamente identificados”.
A situação ocorreu na quinta-feira, 9 de Abril. Só no dia seguinte é que se deu pela troca quando a Agência Funerária Monteiro & Caneira, contratada pelos familiares de Manuel Nobre, não encontrou no hospital os documentos de levantamento do corpo. Carlos Caneira refere que na morgue, no início, ninguém o estava a levar a sério quando aventou a hipótese de o corpo ter sido trocado. Mas garante que “a administração do hospital foi incansável, tal como as autoridades”. A administração do hospital diz, em declarações a O MIRANTE, que o reconhecimento e os cuidados ao corpo ficam a cargo das agências funerárias, que devem garantir a identidade das pessoas que recolhem. E, lamentando a situação, salienta estar solidária com a dor das famílias enlutadas.
A PSP foi chamada ao local e tratou do processo de exumação de Manuel Nobre, de 73 anos. O Ministério Público determinou que a GNR escoltasse o corpo até ao cemitério de Foros de Salvaterra. O funeral acabou por acontecer só pelas 18h30 de sexta-feira. A PSP está agora a verificar todos os procedimentos para tentar apurar responsabilidades, sobretudo o que levou a que o corpo de um homem fosse trocado por o de uma mulher, o que à partida seria mais difícil. A idosa ficou na morgue do Hospital de Santarém até sábado, dia que foi a sepultar.

Filha de Manuel Nobre estava infectada
Manuel Nobre já se encontrava doente em casa antes da pandemia, tendo sido vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Foi após a filha, funcionária na fábrica de transformação de tomate em Benavente, ter testado positivo que surgiram as suspeitas de infecção do idoso e foi internado no Hospital de Santarém. O falecido era um homem estimado na comunidade que recebeu com consternação a notícia da sua morte. A filha e a mulher encontram-se neste momento em isolamento domiciliário.