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Incentivar os mais jovens a conhecerem as histórias das suas terras
Daniel Ouro

Incentivar os mais jovens a conhecerem as histórias das suas terras

Daniel Ouro criou a “Terra Velhinha” para preservar tradições. Defensor das tradições da sua terra Daniel Ouro recebeu O MIRANTE com um ramo feito a preceito para nos desejar sorte e prosperidade.

“Já lá vai a tradição/Em que o dia da Ascensão/Vivido à nossa maneira/Era dia de festança/Que ficou na lembrança/De muita moça solteira”. Os versos são da autoria do etnógrafo azambujense, Sebastião Mateus Arenque, e Daniel Ouro recorre a elas para lembrar Azambuja das memórias e costumes de Quinta-Feira da Ascensão. Hoje o dia feriado municipal está quase despido de festejos, mas o azambujense, de 43 anos, sabe-lhe o significado.
Era no Esteiro de Azambuja onde decorreu a conversa com O MIRANTE que o padre benzia o gado. Uma bênção que começou a ganhar força nos anos 50 e que há muito se perdeu. O gado é pouco por aquelas terras e abençoado é, agora, quem ainda o cria. Poucos são também aqueles que no feriado saem à rua para apanhar o ramo da sorte. “Infelizmente vai sendo cada vez mais raro, mas ainda há alguns antigos que vão ao campo e procuram recolher espigas, papoilas e flores para fazer o ramo”, diz, antes de admitir que há anos em que também tem falhado a apanha.
Este ano, porque recebeu O MIRANTE e porque de tradições percebe ele, ou não fosse mentor do projecto “Terra Velhinha” que nasceu para as preservar e divulgar, apresentou-se de ramo na mão. “Espigas de trigo que representam o pão, papoilas, que representam amor e vida, rosmaninho a saúde, malmequeres a fortuna, o ramo de oliveira que traz o azeite da candeia que ilumina a vida e a videira que simboliza o vinho e alegria”, afirma convicto. Depois explica: “guardava-se atrás da porta e só se queimava em dia de trovoada para que passasse”.
Daniel Ouro gostava que os mais novos deitassem mais o olho ao passado e recuperassem o que ficou perdido no tempo. Para isso, defende, é importante ir-lhes chamando a atenção para a necessidade de se envolverem. “Todos deviam gostar de saber contar as histórias que nasceram nas suas raízes”.
Em Azambuja, um dos 31 concelhos do país onde continuou a ser feriado municipal, após o dia deixar de ser feriado nacional em 1952, é costume fazer-se uma cerimónia onde são atribuídas medalhas de mérito municipal, o que não acontecerá este ano devido à pandemia.

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