Joana Vilela tem 42 anos, é natural de Lisboa, onde viveu grande parte da vida. Licenciou-se em Publicidade e Marketing e trabalhou como comercial em diversos órgãos de comunicação social, na capital. Sempre conseguiu ter um bom salário mas vivia num apartamento onde não era permitido ter animais de estimação. “Faltava-me algo. Sempre cresci com animais de estimação e isso teve uma grande influência na construção da minha personalidade”, refere.
O momento de viragem que fez Joana Vilela rumar até Secorio, concelho de Santarém, foi em 2013, depois de um divórcio e de ter chegado a acordo com a empresa onde trabalhava. “Foi nesse momento que decidi que ia ser feliz”. Joana Vilela rumou ao Secorio, onde os pais têm uma casa de férias e para onde vieram residir depois de se reformarem. Parte da casa foi ampliada para concretizar um sonho: construir um hotel para animais de estimação.
Joana tirou o curso de Estética Canina e inicialmente começou por fazer apenas tosquias e banhos a cães e gatos. A nova actividade estava a correr tão bem que em poucos meses abriu o Trela Amarela, um hotel para cães e gatos. “Foi um sonho tornado realidade. Sinto-me muito feliz e, finalmente, realizada”.
Com a indemnização que recebeu e a totalidade do subsídio de desemprego criou uma startup com o apoio da Nersant. Sem fazer qualquer estudo de mercado atirou-se para esta aventura. Ao todo, o investimento atingiu cerca de 25 mil euros. “Até agora tem corrido muito bem. No Verão é quando o hotel está mais cheio porque as pessoas vão de férias e não querem ou não podem levar os animais de estimação”, diz.
Em época baixa são as pessoas que vão para o estrangeiro em trabalho que mais recorrem ao hotel para animais. Neste momento o espaço está despido dos amigos de quatro patas pois a pandemia fez com que as pessoas ficassem em casa e não haja necessidade de procurar este tipo de serviço. O que mais ocupa a técnica de estética canina são as tosquias e os banhos. “Mesmo esse serviço reduziu muito, faço uma por dia e pouco mais. Espero que esta pandemia passe depressa”, sublinha.
Ainda assim, Joana Vilela não pára e pensa já em expandir o negócio. Para isso já adquiriu um terreno mesmo ao lado do hotel. Quando esta nova unidade estiver completa o hotel passa a ter capacidade para 20 cães e 10 gatos. A empresária tinha a ambição de abrir o novo espaço em meados de Junho ou Julho deste ano, mas com os atrasos provocados pela pandemia talvez tenha que adiar a intenção.
As estadias têm um valor desde os 7,50 euros por dia em época baixa. Em época alta podem chegar aos 12 euros, para os cães. Para os gatos a tabela é diferente, os valores começam nos 5,50 euros por dia. Além dos quartos individuais para cada animal o hotel é composto por um terreno amplo vedado com cerca de um hectare, onde podem passear.
“Neste trabalho tem-se um retorno muito grande. Os animais dão-nos muito”, considera Joana. Aliás, a empresária recorda um episódio caricato. “Uma vez uma senhora chegou para vir buscar o cão que cá esteve durante uma semana e ela esperava uma grande reacção por parte do animal. Claro que o cão ficou contente e foi a correr para ela, mas também mostrou que estava contente por aqui estar”, recorda entre risos.